quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Dia 27

Querido Marte,
Hoje o meu dia foi bom. Não foi tão bom quanto no ano passado - mesmo cercada de pessoas recém-conhecidas, eu estava de férias, tinha acabado de formar (os sonhos ainda estavam frescos na memória), gritei qualquer coisa na frente do Mar da Galileia, dancei e cantei com estranhos na chuva e bebi tanto arak que não lembro de nada ruim. Mas são anos diferentes, e situações diferentes. 
Eu fui ao médico, depois fui à aula, e pela primeira vez acho que vou conseguir responder todo mundo que me enviou mensagens. Você me lê, não lê, Marte? Então você sabe que eu tenho um problema com mensagens. Eu sou lenta pra respondê-las. É terrível. Já me custou amizades.
Eu cantei parabéns com minha colega de apartamento, e comi um bolo de cenoura com tanto chocolate que não consigo nem descrever. Tinha bala de goma de melancia em cima. Não fez muito sentido, não combinou com o bolo de aniverário de alguém que fez 27 anos, mas eu sou assim, não é? Estou aqui vivendo essa juventuda tardiamente, e às vezes me sinto mais próxima dos 20 e menos dos 30. Mesmo já tendo 30 na minha cabeça. É meu jeitinho, bem dramático.
Eu já disse isso em algum ano anterior, mas todos os anos eu espero pelas sua mensagem do dia 27 de fevereiro. Virou uma tradição minha também. É a coisa mais de livro que eu vivo - e você provavelmente sabe que eu amo essa sensação de estar vivendo algo parecido com algo de livro. Eu não sei nada de você, e você sabe dos meus pensamentos mais íntimos, que estão todos aqui nesse blog desde os mes 14 anos. Eu acho fantástico. Já fui muito mais ansiosa nisso de saber algo sobre você, mas o tempo me fez alguém menos curiosa. Hoje eu fico feliz só com a mensagem. O que vier além disso é lucro.

Meu médico me passou antibióticos, anti-inflamatórios e corticóides. Mas eu recebo com carinho o abraço e o cafuné enviados. Li o post scriptum com um sorriso no rosto.

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