quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Dia 26


Eu queria ter viajado pra Londres, pra ficar perto de amigos próximos e me sentir mais em casa. Eu provavelmente choraria pensando que fiz 17 anos la, e estaria fazendo 27. Não deu. Sigo doente, e amanhã tenho médico (que marquei dia 30 de janeiro, no auge da febre causada pela gripe horrorosa que peguei). Minha garganta segue inflamada, minha cabeça machucada de tanta dermatite, tenho cólicas, deveria ter lido alguns textos pra amanhã, mas comi M&Ms de amendoim e vi Brooklyn 99 com uma bolsa de água quente em cima da barriga.
Meu irmão me deu notícias boas, e fiquei mais tranquila. Meu cérebro ridículo - que não consegue se acalmar por mais de 30 minutos - já começou a se preocupar com outras coisas da vida; trabalho, dinheiro, detalhes de viagem. Parei de pensar neles, e instantaneamente minha garganta começou a doer mais. Assim como tudo que acontece comigo: foi emocional, e cheguei à conclusão de que preciso de terapia. Então eu comecei a olhar site de roupas, pra procurar calças e camisas pretas. Lembrei do ponto exato em que virei alguém consumista pra afogar as mágoas da vida, lá em 2015, no terceiro ano de São Paulo, depois de um pé na bunda.
Estou solteira há 5 anos. Já?
Também notei que engordei, e assim que tudo de chocolate do meu armário acabar, vou voltar a fazer alguma espécie de dieta. Amanhã não: vou comer bolo de cenoura e tomar refrigerante.
Talvez eu escute Erik Satie e chore enquanto caminho até o clínico geral da universidade. Tenho aula à tarde; ter aula no meu aniversário me lembra quando eu tive prova da minha matéria nemesis no terceiro ano do ensino médio (química), e ninguém ligou pra mim (meu aniversário: o único dia do ano que eu quero toda a atenção do mundo). Eu terminei o dia vendo algum filme triste na sala da casa, e meus pais quiseram compensar me dando o teatro completo do Shakespeare no outro dia. Não adiantou. Poor little rich girl.
Em 2014 eu passei sozinha no quarto, na pensão que eu morava, e comi uma mini torta de morango de uma padaria duvidosa da rua que eu morava no Jardim Bonfiglioli. Passei mal depois. Meu ex-namorado sociopata nem tentou ir me ver. Também foi um dia ruim.
Eu tenho certeza que amanhã não vai ser um dia ruim. Mas por que eu estou chorando enquanto escrevo esse post, com a sensação de que vai ser? 

Um comentário:

MARTE disse...

Cá, novamente
pra desejar
que a tua ontem certeza
sobre este hoje
tenha vingado
sobre aquela sensação
de ruim porvir.
Desejo findo o choro
de qualquer angústia
ainda que mais não seja,
mas especialmente e tanto
só por Hoje, por você
e por inteiro, de pleno
pra Você.
P.S.
Não há remédios. Mas eis que envio, para que tu pegues aí, um abração imenso de forte, que é para servir ao caso das dores e cólicas. E um cafuné moderado, de lento, calmo, que é pra enganar carinhosamente a cabeça, sobre os concretos efeitos das implicantes dermatites.