terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Ó, mundo cruel [/melodrama]

11:00 da manhã.

- AEAEAE Friends! Cacete, última temporada. Awwwwwwwn, é o episódio que a Rachel diz pra galerë que tem que ir pra Paris... Tadinho do Ross. Não. Não consigo ver a cara dele. Tenho que mudar de canal logo, antes que eu veja a face da derrota. POSSE DO BARATA! COMO ASSIM? (!) Eu tenho que ver! Momento histórico! Mas Friends... O episódio da casa nova do Chandler e da Monica. A Dakota Fannig aparece. Ai. Ah, vou ver o Barack. Primeiro presidente negro. Quando eu for velha e sábia, eu preciso dizer que ouvi o discurso do primeiro presidente negro de umas das nações mais racistas do mundo, ouvi AO VIVO, fica a dica.

11:10

- Mas que porra é essa? Esse desgraçado ainda nem apareceu! Eu não quero ver o Steven Spielberg, eu quero ouvir o DISCURSO DO OBAMA, CACETE!

11:15

- Eu posso ver Friends, durante o intervalo da Posse...

11:20

- Got her toes done up with fer fingernails matchin', got her toes done up with her... AI MEU DEUS, EU ESTOU CANTANDO KID SISTER? *desespero* O QUE A MTV ESTÁ FAZENDO COMIGO? SERÁ QUE AQUELE TRECO DE MENSAGENS SUBLIMINARES NAS MÚSICAS É VERDADE? SERÁ QUE EU DEVO ACREDITAR EM JOSIE E AS GATINHAS? Mas que MERDA, PORQUE SÓ PASSA MÚSICA DE NEGÃO NA TV? *horrorisada*

11:30

- E daí que o menor discurso feito foi o do George Washington? E daí que já foram feitos 56 discursos? Quero ver o do OBAMA, porra.

11:40

- A DAKOTA FANNING É MAIS INTELIGENTE QUE O JOEY! HAHAHAHAHAHAHA!

11:50

- 50 minutos, 50 MIMNUTOS e o Obama ainda não apareceu. Tchau. T-C-H-A-U. Vou ler Tamanho 44 ainda não é gorda e escutar Elvis Presley.


Anyway, eu quase tive um ataque semana passada, por causa de profissão (é claro).

Primeiro porque alguém me deu um choque de realidade (de novo) e eu lembrei que 95% das pessoas que querem fazer Direito, fazem pra ter poder. E quando eu digo poder, não é só dinheiro e tal, mas pra serem pedantes. Pra chegarem nos lugares e dizerem (?) 'Você sabe quem eu sou? Eu sou JUIZ Fulano de tal, minha filha, apressa logo isso.' Ninguém mais faz Direito por justiça (se é que algum dia alguém fez por isso). E me irrita o fato de as pessoas me olharem torto porque eu quero fazer Direito. Me irrita o fato de EU ME IRRITAR comigo mesma, quando eu digo pras pessoas que eu quero fazer Direito. Então eu me sinto na obrigação de explicar porque eu escolhi isso ("Quando eu fiz teste vocacional, só deu curso legal, coisa que eu gosto. Mas se eu fizer qualquer um desses cursos eu vou virar professora. E eu não tenho paciência nem comigo mesma, então se eu for professora eu vou ser processada no 1º mês de aulas. Os únicos dois cursos que me dão mais de uma opção são Jornalismo e Direito, e infelizmente o sistema de engoliu. Eu adoro viajar, adoro livros, adoro filmes e os meus três sonhos são viajar pelo mundo, ter um biblioteca em casa e um monte de DVD's. Então, por favor, não enfia coisa na minha cabeça, vai criticar alguém que queira fazer Medicina." - Sei decorado!).

Segundo porque eu me dei conta de que eu vou trabalhar pro meu inimigo mortal, vou compactuar com aquele que eu mais detono em todas as minhas redações, vou ajudar o "inajudável"(?): o Estado.
You see, eu descobri primeiro o que eu queria fazer, depois veio o curso. Depois do grande baque emocional que eu tive aos 13 anos (aaah, a idade em que eu nem sabia o que era vestibular...), quando descobri que Moda não tinha nada a ver comigo (sem comentários, por favor) e fiquei no meio do túnel escuro por 2 meses, sem saber o que eu queria pra minha vida (e acredite, eu SEMPRE tive traçadinho o que queria da minha vida) , meus queridos professores de Redação, Português e Literatura me disseram que eu escrevia bem (na época, eu acreditei) , falava bem (também acreditei. Depois eu descobri que meu coração acelera e eu sempre falo uma palavra errada e deixo meu discurso feio) e perguntaram se eu nunca tinha pensado em ser Promotora ou Defensora Pública. "Qual acusa?" eu perguntei pro meu pai mais tarde, e ele disse que era o Promotor. BINGO! É isso que eu vou ser. Acusar é comigo mesmo. Eu consigo INVENTAR argumentos pra não perder um debate.
Na época, eu nem me toquei que ia trabalhar pro Estado. O Estado. Minha idéia de inferno na terra. O sujo, o podre, o ladrão, o que os anarquistas mais odeiam.
Agora que eu pensei nisso, dá vontade de me esganar.
Dá vontade desistir da Promotoria, fazer Direito Internacional e VAZAR daqui.
Mas de qualquer forma eu vou estar trabalhando pro Estado.

Ó mundo cruel.

É por isso que hoje, eu quero agradecer à pessoa que dá talentos às pessoas. VALEU, HEIN AMIGÃO! Valeu por ter me dado talento pra coisas que terminam servindo ao Estado. Valeu por não ter me dado talenteo pra matemática, química, física; ou melhor, pras artes! Pra fotografia, cinema, pra qualquer coisa que não compactuasse com o Estado ou o Capitalismo. VA-LEU.

Um comentário:

Ana disse...

me irrita o fato de as pessoas me olharem torto porque eu quero fazer Direito. Me irrita o fato de EU ME IRRITAR comigo mesma, quando eu digo pras pessoas que eu quero fazer Direito. Então eu me sinto na obrigação de explicar porque eu escolhi isso ("Quando eu fiz teste vocacional, só deu curso legal, coisa que eu gosto. Mas se eu fizer qualquer um desses cursos eu vou virar professora. E eu não tenho paciência nem comigo mesma, então se eu for professora eu vou ser processada no 1º mês de aulas. Os únicos dois cursos que me dão mais de uma opção são Jornalismo e Direito, e infelizmente o sistema de engoliu [...] [2]