domingo, 25 de abril de 2010

Para, que eu quero descer.

Sobe. Desce. Sobe. Desce. Termina lá embaixo. Eu, tonta. Lembrando dos altos. Termino no baixo.
Viver é vertigem.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Vontade de ser João.

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
(Quadrilha - Drummond)

Calma menina. Colocar post-its nas folhas velhas, lembra? "Hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será."

Bittersweet.

Cercava-se de doces. Perfumes, cremes, cores, aperitivos, pessoas - todos doces. Não sabia se era doce e queria ser amarga ou se era amarga e queria ser doce.
Porque todo mundo esconde uma parte da alma.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Sonho.

Desconhecido. Palmas suadas. Mãos inquietas. Palavras e palavras e palavras - palavras que terminaram em acões. E de repente os poetas fizeram sentido.

domingo, 11 de abril de 2010

"O que está escrito em mim / comigo ficará guardado."

Queria apagar todas as folhas do caderno. Comecou. Depois de várias páginas, percebeu que as folhas ficavam marcadas.
Pensou em arrancar. Mas isso deixaria o caderno fino e feio.
Rasgar? Não, o perfeccionismo - que só existia em se tratando de cadernos e canetas e palavras - não deixaria.
Colocou o caderno no chão, deitou na cama e ficou a observá-lo. Precisava decidir o que fazer com aquele amontoado de celulose.
Não usaria mais cadernos. Agrupamentos, cola e arames estavam complicando ao invés de facilitar.
Usaria folhas soltas.
Guardaria o caderno no armário.
E grudaria um post-it colorido com um smile desenhado em cada folha que não fosse do seu agrado. Pra esquecer o que tinha escrito, mas lembrar que marcas ficam - de qualquer jeito. 

sábado, 10 de abril de 2010

Lembra?

lembra amor daquela tarde daquele verão daquele sorvete daquele girassol daquele catavento daquele gato angorá na tampa da lata de biscoitos daquele uivo certeiro daquele amor no sal do mar daquele fogo de fim de tarde daquele beijo de cabeça pra baixo daquela pedra daquela lua daquele filme daquela música daquele frio no alto da ladeira daquele gosto de suor e cidra daquela vertigem daquelas crianças envelhecendo depressa daquele jeito de olhar entre as grades do portão daquela vida amor lembra amor lembra amor lembra?


http://carlosmoreira-silencio.blogspot.com/

Uma das únicas coisas boas que vou levar da escola. Bom professor, eu não posso negar, era.

Lembrei daquela aula no primeiro ano, em que ele falou de "Sentido". Que a galera jogou na internet como se fosse do Mária Quintana. Lembrei de como a opinião dele sobre isso variou, nos três anos que ele me deu aula. Lembrei da aula em que cantei Tribalistas e ele me contou que conhecia Arnaldo Antunes. Que teve aula com Alice Ruiz. Do sorriso sacana no rosto dele ao dizer isso. Do sorriso sacana que ele mantinha no rosto o tempo inteiro.
Mais da metade do que eu sei sobre literatura foi ensinado por ele. E por mais que na maior parte do tempo ele fosse um escroto - ou quisesse mostrar pro mundo que era assim; a mim ele não enganou, nem deslumbrou - he was a hell of a teacher. E nessa fase amável e diabética da minha vida, não custa nada agradecer.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Esponja emocional.

Não precisa ser o fera da psicologia pra saber que eu tenho problemas. Problemas comigo e com o mundo. Não é grande coisa para os outros, mas são meus problemas e todo mundo tem o direito de dar uma choradinha e uma dramatizada. As vezes eu acho que essa minha busca louca pela auto-realizacão é como uma boa dose de fermento pra toda a coisa, mas passa quando abro os olhos para o mundo.
Eu quase morri quando não passei no vestibular ("quase morri" haha, percebe-se), mas em seguida fiquei sabendo do Haiti. Vim pra Londres e só falavam em Haiti nos jornais, na sala de aula, no metrô... E chorei sozinha, assistindo às reportagens da BBC que falavam sobre o assunto. Me dá um nó na garganta toda vez que eu lembro da imagem de um guri esmirradinho que ficou uma semana soterrado e levantou os bracinhos, como quem grita vitória, quando foi socorrido. Chorei de tristeza pelo povo e por me sentir impotente. Contei isso pra um amigo e ele falou que era besteira minha, que eu devia parar de me preocupar demais com os outros.
Logo depois, quando que não passei no vestibular de novo (aquela história do ENEM) aconteceu o terremoto no Chile. Same situation, same feelings.
Hoje eu não tenho tristeza dentro de mim, mas eu tenho uma puta indecisão - por ter muitos caminhos, por ter muitas oportunidades - e não saber qual escolher. Aí eu vejo um vídeo de uma menina de 8 anos que mora em Niterói, e perdeu toda a família. Que fala que queria ira pra escola mas não dá, então ela está "lendo os livros que tem". Que vai morar duas semanas com a avó e com a tia, mas depois não sabe o que vai fazer. Que vai viver a vida dela.
E eu aqui, me sentindo indecisa em libras, com uma família estável que me ama e está a minha espera.
Como não me sentir tocada por isso? Como não me sentir impotente? Como não me preocupar?

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Rainha dos clichês.

Identifica-se e quer amizade. Achava estranho esse costume, até parar pra pensar. Relacionar-se - de todas as formas - é viver. Acordou pra vida aos 17.

domingo, 4 de abril de 2010

"Descobertas" da última semana.

Auto-conhecimento não é sinônimo auto-controle, "as grandes convivências estão a um milímetro do tédio", querer falar sobre si mesmo é vício, não estou imune ao ciúme.


Mas me controlar que é bom...

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Dúvida.

Esse masoquismo é só meu ou é uma característica de todos os homens?

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Entendi!

Eu quero calor.

(e nem é mentira)


ps. Coloquei meu nome no perfil do blog. Acho que ninguém vai entender o que isso significou para mim.

About a girl.

Acordo. Ao tirar o cobertor de cima do corpo, sinto mais frio que o normal. Meus olhos quase não abrem. Londres é ensolarada quando não deveria ser - se a cidade é cinza, podia ser cinza só em certas alturas do dia, como o final da tarde e a noite. Me arrasto até a sala, onde meu copo de leite está a minha espera. Eu cresci muito em dois meses, mas o café nunca vai entrar na minha vida. Sempre serei a crianca do cereal-acucarado-com-leite, pão-com-nescau. Jogo-me no sofá e ligo a televisão. Não. Não é dia pra televisão.
Comeco a me preparar psicologicamente pro banho. É sempre assim, mas eu sinto que vai ser pior. O banheiro é frio, apesar de o aquecedor estar no máximo. Sinto meu pé queimar quando entra em contato com a água quente. Terminado o banho, vou ao ritual das roupas. Nunca tive problemas em relacão a roupas. Eu só escolhia e pronto. Mas agora eu não. Por mais que eu saiba que vou esconder minhas roupas com o casaco, eu me demoro. Jeans. All star. Alguém muda de canal, pra MTV. Toca "The man who sold the world", interpretado pelo Nirvana. Isso. A música, o tempo, as cores, meu humor. Pego minha camisa de flanela. Xadrex azul, do tipo que minha mãe não compraria nunca para mim. Visto. Olho-me no espelho. Sinto.
Kurt Cobain gastava 500 dólares com heroína por dia. Tomava doses cavalares de lítio. Foi uma das maiores montanhas-russas emocionais da história. "Lithium" e "Negative creep" estão aí pra provar. Eu não faco nada disso. Eu sou bem normal, se me comparo com ele. Eu tenho meus vícios, minhas drogas alternativas. Minhas palavras e meus medicamentos que constantemente me consomem. "O que me nutre, me destrói", Nietzsche dizia. E eu sabia que seria destruída, se procurasse a salvacão para o meu dia cinzento em uma das minhas drogas alternativas.
Assim que me olhei no espelho senti algo diferente. Aquela roupa, aquela cor nos lábios, aqueles cabelos rebeldes. Esse era o meu lítio do dia. Aquela camisa de flanela xadrex azul era minha salvacão.