sexta-feira, 29 de setembro de 2017

não teve jeito

eu sabia que tinha entrado em um buraco sem fundo e sem escada quando percebi que você não perdia nenhuma oportunidade de tocar meu rosto enquanto eu falava
e além de segurar minha mão, de vez em quando você beijava
eu corri a vida inteira do estereótipo da leitora deslumbrada
mas eu te disse que era uma romântica ridícula 

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Aiefah

Acho que isso de entrar madrugada sem sono e com nó na garganta não acontecia há alguns meses.
É muito fácil se perder nas horas de Facebook, Twitter, Tinder ou qualquer outra merda assim, e nunca parar. Eu não paro faz tempo, porque sei que quando paro nunca acontece coisa boa (oficina do diabo é pouco)... Mas preciso.
Voltei a estar muito confusa.
Eu sempre fiz questão de compartimentar tudo na minha cabeça - primeiro porque sempre foi uma bagunça, segundo porque até nisso eu sou metódica - pra conseguir lidar. As coisas da vida acadêmica ficavam de um lado, as pessoais de outro (autoestima e outras bostas) e nunca dei espaço pra assuntos amorosos. Eu sempre soube que era intensa demais, que me entregava demais e que no final as coisas não dariam muito certo. Dito e feito.
Ando com muito medo da minha futura profissão. Essa semana finalmente consegui falar com um professor pra começar a iniciação científica, mas ele ainda não me respondeu e só de pensar nisso me dá taquicardia.
Eu também ando sendo uma amiga mais merda que o normal - sim, isso foi possível. E pra completar, acho que estou me apaixonando e tá sendo mais doloroso do que bom.
Enfim, é isso. Ainda é madrugada, mas eu tenho muito o que fazer amanhã e no resto do final de semana, então choro, desespero, o que seja, vai ter que ficar pra madrugada de terça-feira que vem (no intervalo entre uma prova e outra). 

Starve

Eu voltei a me sentir completa e bonita quando estou com fome, e a pior parte é que voltei a fazer isso por querer.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Baby, I'm a fool

Foi sempre difícil estar em um beijo.
Os primeiros foram uma confusão etílica, permeados por elogios que soavam falsos - e eu ali, um amontoado de inseguranças que só tinha certeza que questão de pele não se racionaliza (por mais viciada em racionalizar que eu seja). Talvez eu não estivesse de corpo e alma nesses beijos bêbados e roubados justamente por isso: pela necessidade de pensar em algo que não deve ser pensado. Eu me via de fora, como alguém distante. Era quase como uma experiência extracorpórea - o meu eu que se sentia muito infantil e despreparado via do alto alguém crescido, uma mulher. 
Os primeiros beijos conscientes já eram beijos apaixonados, e pouco importa quando se está apaixonado. Não importa que a adrenalina de antes não exista por já existir a certeza da aceitação; se é amor, há aceitação. São beijos confortáveis, como almoço de mãe depois de muito tempo longe.
Mesmo quando eu me lancei de novo no mundo depois dos beijos confortáveis terem virado mágoa, os beijos continuavam estranhos. Faltava algo. Apesar da construção de tensão até o clímax, a troca não parecia justa. Eu me sentia sempre entregando muito e recebendo pouco; não que isso seja a pior coisa do mundo, e eu até acho que minha função aqui é me doar, mas de vez em quando quem se entrega gosta de reciprocidade. 
Eu nunca tinha provado um beijo com gosto de casa.
Nunca tinha ficado nervosa de perder as palavras (eu nunca perco!), nem sentido a antecipação que li sobre por tantos anos em tantos livros. É uma regra minha nunca comparar o real com a ficção quando há duas pessoas envolvidas, mas até para isso eu abri uma exceção e deixei de pensar. 
Eu gosto me proteger, mas também gosto muito dessas horas em que me abro por alguns segundos, alguns minutos, algumas horas e percebo que viver é muito bom e sentir tudo é muito bom. É só assim que eu encontro beijos assim recíprocos, com gosto de excitação, cheiro de acolhimento e abraço de olho fechado.