sábado, 18 de agosto de 2018

amor

eu acho que as coisas funcionam da seguinte forma:
apesar de muito sentimental, eu racionalizo tudo demais. então por mais que eu sinta muitas coisas, elas ficam sempre aqui dentro, e eu acabo não mostrando muito pra ninguém. às vezes eu acho que as pessoas enxergam as coisas pelo buraco da porta, porque eu deixo tudo fechado - e eu deixo tudo fechado porque sinto demais. 
é muito bom se permitir, mas eu não sei se quero me permitir o tempo todo. eu sei que viver tem dessas coisas, mas eu não acho que eu deva ou mereça sofrer por certos motivos. é muito bonito ficar vulnerável na frente de alguém, mas a humilhação que eu sinto depois, a paranoia, a vergonha, são muito maiores que as coisas boas... e é por isso que eu resolvi me fechar de novo. não sei por quanto temp. há algumas sessões de terapia eu falei que sabia que era necessário ter equilíbrio na vida, e que talvez eu devesse me abrir mais, que tudo isso que eu coloco na frente do que vai me trazer equilíbrio é só uma desculpa pra não enfrentar certos medos. mas hoje eu decidi que não quero passar por isso agora. eu não quero ficar vulnerável, sentir dor, esperar algo de alguém, me sentir insegura e humilhada.
em alguns anos eu volto a pensar nisso, 
mas não agora.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

still I cling

eu não ainda não estou pronta pra terminar algo que nem começou, porque todas as minhas inseguranças estão aqui, estampadas no meu rosto
mas aquele buraco no peito, aquele calafrio, aquele nó na garganta
aquele gosto de fim
tá tudo aqui

domingo, 10 de junho de 2018

exausta

eu preciso desesperadamente ficar sozinha

domingo, 27 de maio de 2018

i am my sunshine

my only sunshine
i make myself happy
when skies are grey
i wish one day i'll
learn to love myself
and never take my sunshine away

domingo, 20 de maio de 2018

and then it hit me

meus pais vão sempre considerar o sofrimento psíquico do meu irmão, o meu não
eu não tinha noção de como perceber isso me machucaria
a única solução é ficar longe
e vai doer mais ainda

quarta-feira, 16 de maio de 2018

não estude hebraico (ou estude e mande quem não gosta às favas)

assassinatos em gaza aconteceram, eu tenho um posicionamento bem definido quanto à gaza (aos assassinatos não, soldados israelenses mataram então tem que ter justiça), mas não é o igual ao da esquerda
meus amigos de esquerda estão me ignorando por isso
as conversas sobre o hebraico (que sempre acabam em israel, pq CARALHO, eu estudo literatura israelense) e israel não acontecem. eu falo e só ouço "palestina livre"
estou cansada e não quero mais falar sobre isso
e se eles não quiserem nunca mais também: não falo mais
aliás não falo mais nada sobre nada
pau no cu de todo mundo

segunda-feira, 14 de maio de 2018

primeira crise depois dos remédios

coisas que sinto e preciso escrever sobre:
- acho que sou uma farsa
- acho que não mereço amor ou coisas boas
- sinto que me entrego pra todo mundo, e levo os sentimentos de todo mundo em consideração, mas ninguém leva os meus
- quero sempre ir pra mais longe. não sei de que. mas quero sempre ir pra mais longe.

hoje eu chorei no ônibus

domingo, 13 de maio de 2018

pra quem é feita de mãe

eu preciso ir embora porque eu não aguento mais meu irmão
não consigo entender que duas pessoas com a criação igual tenham ficado tão diferentes
eu só aguento tudo isso porque minha mãe aguentou por mais tempo que eu (e eu não tenho coragem de dizer "o filho é vocês, aguentem aí")
mas eu definitivamente preciso ficar longe do meu irmão por um tempo

sexta-feira, 4 de maio de 2018

tristeza e diário

hoje luísa me mandou uma mensagem dizendo que queria que eu me enxergasse como as pessoas ao meu redor me enxergam, e que talvez minha tristeza fosse embora se eu conseguisse fazer isso
estou chorando há 15 minutos
acho que ela tá certa
eu queria conseguir me enxergar

domingo, 29 de abril de 2018

eu não quero mais ter telefone

eu não quero mais ter telefone eu não quero mais ter telefone eu não quero mais ter telefone eu não quero mais ter telefone eu não quero mais ter telefone eu não quero mais ter telefone eu não quero mais ter telefone eu não quero mais ter telefone eu não quero mais ter telefone eu não quero mais ter telefone eu não quero mais ter telefone eu não quero mais ter telefone eu não quero mais ter telefone eu não quero mais ter telefone eu não quero mais ter telefone eu não quero mais ter telefone

sexta-feira, 20 de abril de 2018

confesión

a veces creo que nadie va a enamorarse de mí sin sentir verguenza

Contando

Você me disse que ela era louca, e claro que eu desconfiei, porque todas nós somos um pouco loucas. Não. Minto. Você não me disse que ela era exatamente louca, mas me contou das coisas que ela fazia, e eu achei que ela fosse um pouco louca. Você me falou o primeiro nome dela, e deu pequenos detalhes, suficientes para que eu montasse um quebra-cabeça, uma colcha de retalhos de alguém que teve algo que eu não tenho. 
Há duas semanas eu sentei do lado de alguém que parecia com ela. O mais estranho de tudo é que aquele lugar era enorme, e eu poderia ter encontrado todas as pessoas do mundo, mas eu encontrei justamente com a imagem que eu formei dela baseada nas coisas que você disse. Ela também usava óculos, e parecia assertiva. Você me disse que ela não era confiante, mas eu acho que todas as pessoas confiantes demais escondem alguma insegurança. Ela falava alto, era menor que eu, e eu até poderia dizer que parecia mais bonita. Ela estava falando sobre algo meio sexual, e violento, e eu pensei em todas as minhas travas, aquelas que eu não ouso falar na análise.
Perdi a fome. 
Empurrei aquele bolo de comida pra aguentar a tarde atarefada.
A voz dela ficou mais alta pros meus ouvidos, e eu senti vontade de gritar. Ninguém mais estava ouvindo aquela voz estridente? Ninguém mais achava que ela parecia louca, e grande demais, mesmo sendo menor que eu? 
Senti frio e fiquei com medo de vomitar toda a comida e todos os sentimentos da frente de pessoas que não conhecia. 
Eu sou uma mulher grande, mas me senti minúscula. Um quebra-cabeça irreal tornou real o meu maior medo: o de ser exposta como uma menina.

domingo, 8 de abril de 2018

Meu eu de agora

Eu tenho depressão (de novo), não consigo controlar a ansiedade e se transformou em transtorno, que juntou com um transtorno obssessivo compulsivo (não sei de onde).
Venci esse leão uma vez, e vou vencer de novo.
Quinta começo com os remédios.
Queria poder responder as pessoas e conversar. Meu amor pelos meus amigos continua o mesmo, senão maior. Sou muito grata. Mas estou meio perdida e queria sumir. Não sei como vou pedir perdão pra eles (por ser ausente) depois que isso passar. Eu queria ser mais forte.


ps. Oi Marte. Eu procurei seu comentário anual de aniversário e fiquei triste quando não achei. Vi hoje e abri o maior sorriso do dia. Todo ano eu penso no quão livresca é essa nossa relação - eu não te conheço, não sei se você me conhece, mas sei que você me conhece porque me lê (e tirando a terapia, aqui é o lugar em que eu mais sou eu mesma). Talvez um dia eu escreva um livro sobre isso, mesmo que eu nunca te conheça. Aí posso escolher o final...

terça-feira, 20 de março de 2018

Sonho, sangue e América do sul

Eu tenho 25 anos agora e posso cantar me sentindo com 25 anos.
Quinta agora tenho psicóloga, porque sim, eu estou um pouco doida. E perdida. E me magoando por paixões de novo. E sem tempo pros meus amigos.
O básico.
Queria que as milhares de listas que eu faço organizassem a minha cabeça.


terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

"I formulate infinity and store it deep inside of me"

Faltam sete dias pra eu completar um quarto de século.
Esse drama todo de "um quarto de século" é justamente porque faltam sete dias pra eu completar um quarto de século.
E eu estou... cansada.
Vim mais cedo pra São Paulo na esperança de estudar (três livros pra ler! Dois do TGI) e não adiantou muita coisa. O mês que eu tinha simplesmente voou; agora eu tenho cinco dias pra ler pelo menos dois desses três livros, mas eu não consigo fazer nada além de sentir falta de ar, dor de cabeça e chorar. 
Aliás chorar é algo que eu venho fazendo com maestria por 25 anos, mas preciso me dar os parabéns pelos últimos dois meses. Acho que eu vim pra São Paulo mais cedo pra ficar sozinha, em silêncio e chorar sem medo de ser pega de surpresa por alguém me perguntando porque eu estava chorando. Funcionou bem até meu irmão voltar e eu voltar a entrar em parafuso; eu gosto de dizer pra mim mesma que as duas últimas semanas foram piores porque eu estou em inferno astral - mesmo não tendo certeza se isso existe mesmo, mas sentindo muitas coisas. Fevereiro é o mês em que eu me sinto mais pisciana e gosto de falar que sou pisciana (além dos momentos sentimentais do dia-a-dia, que são muitos no meu). 
Eu voltei a fazer dieta, a tomar os sucos dietéticos pelos quais minha mãe pagou caro (e eu coloquei fé, vou ser sincera). Até consegui diminuir consideravelmente os doces, quase zerar. Hoje eu acordei mais taciturna que o normal e não consegui segurar a tremedeira pela falta de açúcar, então fui na padaria da Augusta e comprei um trocinho de maracujá ("é bom pros nervos, né moça?"), cheguei em casa e fui food-shamed pelo meu irmão - o que resultou numa torrente de mensagens furiosas pra minha mãe, algumas lágrimas, mais dor de cabeça (todos os dias no mesmo horário, uma semana e contando) e eu chorando rios vendo Queer Eye na Netflix. Eu estou engordando, mesmo de dieta. Deve ser a tireóide. Também perdi o ânimo de ir pra academia, e todos os dias uso a desculpa de que tenho esses três livros pra ler, mas a verdade é que eu ando sem ânimo pra absolutamente tudo. Também deve ser a tireóide. A falta de ar e o peso no peito me incomodam, e os telefones de terapeutas que só chamam e não atendem também. Mas eu vou sobreviver, até ficar tranquila alguma hora. Essas coisas sempre foram e voltaram, e eu estou aqui até hoje.
Hoje é o dia em o Kurt Cobain nasceu, e eu me impressiono como uma dia achei que fosse me desconectar dessa ligação estranha que eu sinto com um homem que morreu quando eu tinha 1 ano e sentia coisas demais. Eu ainda me sinto tão adolescente. A diferença é que hoje eu consigo ver muita beleza em tudo, e até tenho muitos momentos felizes, mas continuo me achando essencialmente triste; é como se um buraquinho negro ainda estivesse aqui dentro.
Eu espero que um dia ele fique mais escondido que aparente.

domingo, 28 de janeiro de 2018

Boom

Hoje eu senti ciúme. 
Se antes não tinha certeza de estar apaixonada, agora todos os martelos foram batidos.
Eu tinha esquecido como é ficar vulnerável a esse ponto.

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Como mudei e escrevi tudo isso ouvindo a trilha sonora de Amélie Poulain

Eu fiz onze postagens nesse blog ano passado.
Em nove anos de blog, uma depressão (até então, o pior ano da depressão tinha sido o menos produtivo em escrita) e um amor (o ano em que me apaixonei foi o que mais escrevi), eu nunca tive tão pouco tempo pra mim - e foi uma droga.
Não escrever não quer dizer que tenha sido tudo totalmente ruim; em 2017 eu recebi muita visita em casa, interagi muito mais do jeito que eu gosto (ao vivo, olhando no rosto, vendo as reações) e menos online (e PRECISO falar sobre isso), escrevi muito mais na faculdade (ainda não do jeito que eu quero, não com a qualidade que quero, mas escrevi mais) e finalmente aprendi a falar sobre tudo o que me incomoda e tudo o que passou e passa na minha cabeça. Acho que se não fosse isso eu teria enlouquecido. Com a rotina que tive, os desafios emocionais que tive, se eu não tivessse sido totalmente franca, aberta e ocasionalmente não tivesse conversado com alguma amiga sobre coisas íntimas (coisa que raramente faço), eu teria passado de depressiva funcional pra surtada. Então não: apesar de não ter sido um ano maravilhoso, não foi o pior dos meus anos (tirando o óbvio: eu tive um teto, eu tive comida, eu tive luxos, eu tive amor, eu tive apoio, e até arrumei um emprego - que não é o melhor emprego do mundo, mas é algo que gosto). 
Quando digo que tive pouco tempo pra mim, isso quer dizer que tive pouco tempo pra fazer exatamente o que eu estou fazendo agora: refletir sobre mim mesma. Eu sempre fui alguém que pensou demais e agiu de menos, e ano passo eu agi demais; como sempre, o equilíbrio foi o problema. Em 2016 eu descobri que meu lance com autoestima era mais sério que eu imaginava, e prometi que tentaria arrumar isso. Em 2017 eu tentei, mas não deu muito certo. No final do primeiro semestre, eu descobri meu limite na faculdade e passei por uma das coisas mais confusas da minha vida até hoje (a morte de uma pessoa com quem eu estava me relacionando) e mais relacionamentos amorosos (que convenhamos: é a coisa que mais de deixa descaralhada da cabeça, de longe) e não parei um minuto pra refletir. No início do segundo semestre, eu levei uma puxada de tapete acadêmica (e pra alguém que se agarra em conhecimento blá blá blá Academia, isso é a pior das maldições) e me meti em mais um rolo amoroso, e de novo, não parei pra refletir sobre. Não é nenhuma supresa que eu esteja exausta.
Mas de tudo isso, o mais complicado do meu ano, foram os meus amigos. 
Voltar para o facebook no fim de 2016 foi a pior decisão que eu tomei em anos. 
No começo foi tudo ok, tudo muito divertido. Mas as cobranças voltaram. As cobranças pra que eu estivesse sempre online, pra que eu respondesse rápido, pra que não me divertisse usando se não tivesse tido uma conversa emocionalmente desgastante com alguém (ah, o egoísmo... tanto meu, quanto deles). Se antes as redes sociais eram tóxicas pra mim porque eu eu usava pra comparar a minha vida com a vida falsa (ou não) dos outros, agora ficaram tóxicas porque deixaram de ser pro meu divertimento, e passaram a ser mais um lugar em que eu não conseguia ficar sozinha. Mesmo as pessoas que entenderam que eu não podia mais ficar grudada no celular pra conversar, e pasaram a me ligar (por exemplo), ainda guardavam alguma espécie de ressentimento pelo meu desejo de introspecção. A cobrança foi uma sombra no meu ano, sempre ali atrás de mim. Tirando alguns poucos amigos (e alguns novos, que nem conheciam meu eu do início do orkut e da troca de mensagens por sms), ninguém parou pra pensar que eu sou do jeito que sou desde a puberdade - eu sempre sumi, sempre preferi me encontrar com as pessoas pessoalmente, sempre preferi os telefonemas. Eu sempre fui egoísta nesse sentido - hoje é mais ou menos legal ser assim, e chamam de "self care", mas eu passei um bom par de anos me acostumando com o fato de que era egoísta, e que pra mim, não era algo ruim. 
Ai, pronto. Eu precisava tirar isso do peito. Sobre as outras coisas desse texto (a universidade e meu coração) eu falo depois. Vamos às resoluções (que dividi entre "práticas" e "emocionais", porque virei esse tipo de metódica):

Práticas:
1) Estudar na biblioteca da Letras todos os dias. Ler tudo o que eu puder, mas principalmente as coisas que vão me ajudar com o TGI (feminismo, crítica literária feminista, tudo sobre Israel);
2) Fazer qualquer exercício todos os dias, pela minha saúde física e emocional;
3) Voltar aos poucos ao vegetarianismo (2016 e 2017 foram esse monte de merda porque eu deixei de ser vegetariana sim, e ninguém me convence do contrário) e se possível, tentar o veganismo;
4) Tentar me vestir mais do jeito que eu quero.

Emocionais:
1) Equilíbrio. Mirar no equilíbrio sempre, em qualquer área da minha vida (de forma prática, isso seria não focando demais na facauldade e deixando meu emocional ir pro ralo ou não ligando de forma alguma pros meus amigos ou pra minha saúde);
2) Voltar pra terapia pra começar a resolver os problemas com autoestima (acho que isso vai ser uma luta pra vida toda, então não vou nem pensar em resolver "de uma vez por todas), já que sozinha eu não consegui.

É isso. Esse ano eu vou estar mais por aqui de novo. Não consigo medir o quanto senti falta.