sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Meu ano, em lágrimas.

18/01/2010: Pequena garota parte para Londres. Chora no aeroporto de Brasília ao perceber que está viajando sozinha. Chora no aeorporto de Guarulhos por quase perder o voo.

Em Londres, chora durantes os 5 musicais que assistiu, quando conhece a casa da Jane Austen, no 1º pub em que os Beatles tocaram e em todos os museus que visitou.

No avião de volta pro Brasil: Chora assistindo "Paris, te amo", Nova Iorque, te amo" e "Um sonho possível". O fato de a aviação estar sofrendo uma crise causada por um vulcão, e do seu avião ter que fazer um desvio na rota e passar por zonas de turbulência o tempo inteiro, surpreendentemente não a faz chorar.

05/2010: Chora porque vai chegar em casa de madrugada e não ao meio dia, como esperado.

22/07/2010: Chora porque vai pra São José dos Campos, estudar.

Em São José: Chora porque uma das mulheres da casa em que morava expõe seus traumas, chora de saudade de casa e chora discutindo com os pais sobre seu futuro.

01/12/2010: Chora porque a esperam com três litros de açaí, em casa.

Em casa: Assiste Notting Hill pela sexta vez. E chora ao ouvir She, dos Elvis Costello.


Mamãe me disse que eu chorei praticamente três dias seguidos, depois que nasci. Eu só estou dando continuidade a uma tradição.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Por isso eu corro demais.

Sentada num banco velho, a bolsa de lado, as pernas cruzadas, um dos pés balançando, Ulysses nas mãos, os olhos se demorando em cada palavra, a testa franzida.
Corta caminho pelo parque, corre, corre, se tivesse acordado 15 minutos mais cedo, corre, corre, Telemachia, Odisseia, Nostos, Leopold Bloom, esbarra num banco, cacete! não, Calipso, desculpa moça, tô atrasado pra apresentação da minha vida.
Estira as pernas, respira fundo, eu sabia que deveria ter lido Odisséia primeiro, ai moço!, tá desculpado, cruza as pernas de novo, meu Deus manda alguém pra me explicar esse livro porque tá difícil. 

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

"I think I'm dumb"

Como a natureza nunca fez tanto sentido pra mim, eu nunca prestei muita atenção nela. As pessoas definitivamente nunca fizeram sentido pra mim, então eu só prestava atenção em algumas (nas estranhas, outsiders. Se eu fosse kardecista, teria quase certeza que Kerouac vive aqui, dentro de mim).
Até eu descobrir que só as pessoas estranhas conseguem seguir com a vida delas, e eu não. Parte de mim está presa na infância (alô, Freud!) e outra em março e agosto de 2007.
Então, com quase 18 anos de atraso, a natureza começou a fazer um pouquinho de sentido pra mim.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

"Sossegue, o amor é isso que você está vendo:"

Certo, eu vejo nada. 
Talvez seja porque eu estou procurando nos lugares errados, ou não procurando (mais provável).
Talvez seja só um dos mil padrões em que eu não me encaixo - e por mais que eu sinta muito orgulho de ser outsider, a dúvida ainda reina sobre mim.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

"Vou-me embora pra Pasárgada"

Eu podia dizer que todo dia faço tudo sempre igual, mas vai terminando o ano e e vou ficando irresponsável: faltando o 1º tempo de aula pra dormir mais, geralmente por ter ido dormir 00h na noite anterior (NOTA: eu sempre subo pro quarto as 21h, com a mesma frase "gente, vou cedo pra cama pra não capotar em cima dos livros amanhã". Como vocês podem ver, eu sou a rainha da enrolação). Então tecnicamente cotidiano não é bem a palavra certa pra descrever meus dias.
Fiz meu primeiro vestibular depois de todo o processo traumático do ano passado (não, ENEM não conta) e guess what? Cu (acabei de ler o Poema Sujo, ainda tô no clima). Agora estoy aqui, entre a cruz e a espada: não sei se comemoro por que vou mais cedo pra casa ou se fico triste por ter ido mal nas mesmas matérias de sempre. 
(É mentira. Eu sei quem está vencendo essa disputa interna, mas não é motivo pra orgulho.)
Eu sei, eu sei, você deve estar se remoendo pra perguntar: mas como assim você quer voltar pra casa, garotinha?
Quero porque quero. Porque não me agrada ter que aguentar pessoas que não são da minha família, escutar coisas que não quero ouvir, me sentir julgada por ser eu (revoltada & etc) e sem amigos. Tá certo que o meu Hemingway interior vai ser sempre maior que o João Paulo II (sei lá, foi a primeira pessoa extrovertida que me veio à mente) e não importa o lugar: I'll always feel friendless. Mas o que sinto agora? Big thing. Deve ser saudade dos meus livros (quem vê pensa que eu tenho 2 amigos de bosta, né? Que nada. São uns lindos. O problema reside AQUI).
E o vestibular, little girl? 
Eu queria excluir essa !!!!! da minha vida, pra parar se ser tão monotemática, mas enfim. Se não der esse ano eu tento ano que vem (descobri milhares de federais no interior de Minas Gerais que fazem prova no meio do ano, ninguém me segura). Sobre o curso, don't even try. Ainda estou em processo de auto-convencimento do que "é melhor pra mim".
O que importa é que eu aprendi muita coisa estando só (déjà vu, déjà vu), e descobri que até as pessoas mais radicais e intolerantes podem mudar pra melhor (no caso: EU). 

ps. tempinho que não tinha uma verborragia. Ê coisa boa!