Esses dias eu reli alguns livros de uma série de romance que li no começo da faculdade. Passei três dias lendo no celular, assim como fazia em 2015, obcecada por casais que se casam em Las Vegas dois dias depois de se conhecerem, ficam de kikiki em San Diego e se pegam loucamente; o básico de um goiabinha contemporâneo entre jovens (Christina Lauren, rainhas!). O primeiro livro é sobre uma bailarina que sofre um acidente, e um advogado (blergh) francês (blergh). Enquanto a mocinha dava rolês e mais rolês em Paris - porque sim, ela aceita passar o verão com um gostoso em Paris, mesmo não tendo certeza se o maluco é um PSICOPATA -, eu entrei numa espiral de obsessão... por Paris.
Esses últimos anos tem sido de descoberta e redescoberta de paixões.
Nesse meio tempo eu acabei voltando às atividades mais infantis que habitam meu coração: assistir anime, desenhar bobeiras com uma caixa enorme de lápis de cor ao meu lado enquanto o anime rola no fundo, olhar meus livros de piano e pensar em ensaiar (e sentir culpa por não ensaiar), ler livros fisicos e reler romances que li há pelo menos uma década. Alguns desejos também voltaram: bedazzling, não ter um smartphone, ser uma estudiosa de história da arte e... aprender francês.
A única língua que eu sempre quis aprender foi o francês. Os primeiros filmes esquisitos que eu assisti sozinha no TC Cult e no Eurochannel foram em francês; meu primeiro contato com filosofia foi em francês. Em 2013, quando eu passei um ano aprendendo francês haitiano e um universo de afro-francofonia se abriu pra mim (emmène moi avec toi PRA SEMPREE!), eu sabia que seria uma paixão pra vida toda... ou algo que eu amaria odiar.
O lance do francês é que não é só o francês. Se fosse só passé composé e a transformação maluca de fonemas, eu acho que ninguém seria obcecado por francês. É toda a propaganda da França. É toda a propaganda de Paris e das cidades pequenas que parecem uma gracinha, é o champagne que só pode ser champagne se for de Champagne. Na primeira das duas vezes em que eu estudei francês na Aliança Francesa, minha professora comentou de um jeito meio ácido (que saudade de professor FFLCH) que a francofonia não era só sobre a língua; logo em seguida ela contou histórias oníricas sobre o período em que estudou em Paris. Por muitos anos eu tentei menosprezar Paris e o francês - principalmente depois de conhecer alguns franceses, mudar pra Europa e ver o nível de ignorância e xenofobia dos franceses... até visitar Paris.
Em abril desse ano eu visitei Paris por três dias, na Páscoa. A única maneira que posso descrever minha relação com a cidade é... eu deitei. Deitei pra Paris. Foram três dias chuvosos em que eu andei pelo menos 20km por dia, voltei pra Praga com uma possível inflamação no tendão de tanto andar, comi todas as sobremesas possíveis e tudo de pâtisserie, tomei o infame champagne... e amei tudo. Voltei a ter 14 anos e voltei a ter sonhos. Desde então eu sonho de novo com Sorbonne, estudar em Paris e ouvir a Ella Fitzgerald cantar "April in Paris" no meu fone de ouvido enquanto caminho mais 20 km junto com os ratatouilles. Ler um romance em que a protagonista vive um sonho de classe média em Paris foi uma delícia, e me fez sonhar mais uma vez.
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