terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Como mudei e escrevi tudo isso ouvindo a trilha sonora de Amélie Poulain

Eu fiz onze postagens nesse blog ano passado.
Em nove anos de blog, uma depressão (até então, o pior ano da depressão tinha sido o menos produtivo em escrita) e um amor (o ano em que me apaixonei foi o que mais escrevi), eu nunca tive tão pouco tempo pra mim - e foi uma droga.
Não escrever não quer dizer que tenha sido tudo totalmente ruim; em 2017 eu recebi muita visita em casa, interagi muito mais do jeito que eu gosto (ao vivo, olhando no rosto, vendo as reações) e menos online (e PRECISO falar sobre isso), escrevi muito mais na faculdade (ainda não do jeito que eu quero, não com a qualidade que quero, mas escrevi mais) e finalmente aprendi a falar sobre tudo o que me incomoda e tudo o que passou e passa na minha cabeça. Acho que se não fosse isso eu teria enlouquecido. Com a rotina que tive, os desafios emocionais que tive, se eu não tivessse sido totalmente franca, aberta e ocasionalmente não tivesse conversado com alguma amiga sobre coisas íntimas (coisa que raramente faço), eu teria passado de depressiva funcional pra surtada. Então não: apesar de não ter sido um ano maravilhoso, não foi o pior dos meus anos (tirando o óbvio: eu tive um teto, eu tive comida, eu tive luxos, eu tive amor, eu tive apoio, e até arrumei um emprego - que não é o melhor emprego do mundo, mas é algo que gosto). 
Quando digo que tive pouco tempo pra mim, isso quer dizer que tive pouco tempo pra fazer exatamente o que eu estou fazendo agora: refletir sobre mim mesma. Eu sempre fui alguém que pensou demais e agiu de menos, e ano passo eu agi demais; como sempre, o equilíbrio foi o problema. Em 2016 eu descobri que meu lance com autoestima era mais sério que eu imaginava, e prometi que tentaria arrumar isso. Em 2017 eu tentei, mas não deu muito certo. No final do primeiro semestre, eu descobri meu limite na faculdade e passei por uma das coisas mais confusas da minha vida até hoje (a morte de uma pessoa com quem eu estava me relacionando) e mais relacionamentos amorosos (que convenhamos: é a coisa que mais de deixa descaralhada da cabeça, de longe) e não parei um minuto pra refletir. No início do segundo semestre, eu levei uma puxada de tapete acadêmica (e pra alguém que se agarra em conhecimento blá blá blá Academia, isso é a pior das maldições) e me meti em mais um rolo amoroso, e de novo, não parei pra refletir sobre. Não é nenhuma supresa que eu esteja exausta.
Mas de tudo isso, o mais complicado do meu ano, foram os meus amigos. 
Voltar para o facebook no fim de 2016 foi a pior decisão que eu tomei em anos. 
No começo foi tudo ok, tudo muito divertido. Mas as cobranças voltaram. As cobranças pra que eu estivesse sempre online, pra que eu respondesse rápido, pra que não me divertisse usando se não tivesse tido uma conversa emocionalmente desgastante com alguém (ah, o egoísmo... tanto meu, quanto deles). Se antes as redes sociais eram tóxicas pra mim porque eu eu usava pra comparar a minha vida com a vida falsa (ou não) dos outros, agora ficaram tóxicas porque deixaram de ser pro meu divertimento, e passaram a ser mais um lugar em que eu não conseguia ficar sozinha. Mesmo as pessoas que entenderam que eu não podia mais ficar grudada no celular pra conversar, e pasaram a me ligar (por exemplo), ainda guardavam alguma espécie de ressentimento pelo meu desejo de introspecção. A cobrança foi uma sombra no meu ano, sempre ali atrás de mim. Tirando alguns poucos amigos (e alguns novos, que nem conheciam meu eu do início do orkut e da troca de mensagens por sms), ninguém parou pra pensar que eu sou do jeito que sou desde a puberdade - eu sempre sumi, sempre preferi me encontrar com as pessoas pessoalmente, sempre preferi os telefonemas. Eu sempre fui egoísta nesse sentido - hoje é mais ou menos legal ser assim, e chamam de "self care", mas eu passei um bom par de anos me acostumando com o fato de que era egoísta, e que pra mim, não era algo ruim. 
Ai, pronto. Eu precisava tirar isso do peito. Sobre as outras coisas desse texto (a universidade e meu coração) eu falo depois. Vamos às resoluções (que dividi entre "práticas" e "emocionais", porque virei esse tipo de metódica):

Práticas:
1) Estudar na biblioteca da Letras todos os dias. Ler tudo o que eu puder, mas principalmente as coisas que vão me ajudar com o TGI (feminismo, crítica literária feminista, tudo sobre Israel);
2) Fazer qualquer exercício todos os dias, pela minha saúde física e emocional;
3) Voltar aos poucos ao vegetarianismo (2016 e 2017 foram esse monte de merda porque eu deixei de ser vegetariana sim, e ninguém me convence do contrário) e se possível, tentar o veganismo;
4) Tentar me vestir mais do jeito que eu quero.

Emocionais:
1) Equilíbrio. Mirar no equilíbrio sempre, em qualquer área da minha vida (de forma prática, isso seria não focando demais na facauldade e deixando meu emocional ir pro ralo ou não ligando de forma alguma pros meus amigos ou pra minha saúde);
2) Voltar pra terapia pra começar a resolver os problemas com autoestima (acho que isso vai ser uma luta pra vida toda, então não vou nem pensar em resolver "de uma vez por todas), já que sozinha eu não consegui.

É isso. Esse ano eu vou estar mais por aqui de novo. Não consigo medir o quanto senti falta. 

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