sexta-feira, 9 de abril de 2010

Esponja emocional.

Não precisa ser o fera da psicologia pra saber que eu tenho problemas. Problemas comigo e com o mundo. Não é grande coisa para os outros, mas são meus problemas e todo mundo tem o direito de dar uma choradinha e uma dramatizada. As vezes eu acho que essa minha busca louca pela auto-realizacão é como uma boa dose de fermento pra toda a coisa, mas passa quando abro os olhos para o mundo.
Eu quase morri quando não passei no vestibular ("quase morri" haha, percebe-se), mas em seguida fiquei sabendo do Haiti. Vim pra Londres e só falavam em Haiti nos jornais, na sala de aula, no metrô... E chorei sozinha, assistindo às reportagens da BBC que falavam sobre o assunto. Me dá um nó na garganta toda vez que eu lembro da imagem de um guri esmirradinho que ficou uma semana soterrado e levantou os bracinhos, como quem grita vitória, quando foi socorrido. Chorei de tristeza pelo povo e por me sentir impotente. Contei isso pra um amigo e ele falou que era besteira minha, que eu devia parar de me preocupar demais com os outros.
Logo depois, quando que não passei no vestibular de novo (aquela história do ENEM) aconteceu o terremoto no Chile. Same situation, same feelings.
Hoje eu não tenho tristeza dentro de mim, mas eu tenho uma puta indecisão - por ter muitos caminhos, por ter muitas oportunidades - e não saber qual escolher. Aí eu vejo um vídeo de uma menina de 8 anos que mora em Niterói, e perdeu toda a família. Que fala que queria ira pra escola mas não dá, então ela está "lendo os livros que tem". Que vai morar duas semanas com a avó e com a tia, mas depois não sabe o que vai fazer. Que vai viver a vida dela.
E eu aqui, me sentindo indecisa em libras, com uma família estável que me ama e está a minha espera.
Como não me sentir tocada por isso? Como não me sentir impotente? Como não me preocupar?

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