lembra amor daquela tarde daquele verão daquele sorvete daquele girassol daquele catavento daquele gato angorá na tampa da lata de biscoitos daquele uivo certeiro daquele amor no sal do mar daquele fogo de fim de tarde daquele beijo de cabeça pra baixo daquela pedra daquela lua daquele filme daquela música daquele frio no alto da ladeira daquele gosto de suor e cidra daquela vertigem daquelas crianças envelhecendo depressa daquele jeito de olhar entre as grades do portão daquela vida amor lembra amor lembra amor lembra?
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Uma das únicas coisas boas que vou levar da escola. Bom professor, eu não posso negar, era.
Lembrei daquela aula no primeiro ano, em que ele falou de "Sentido". Que a galera jogou na internet como se fosse do Mária Quintana. Lembrei de como a opinião dele sobre isso variou, nos três anos que ele me deu aula. Lembrei da aula em que cantei Tribalistas e ele me contou que conhecia Arnaldo Antunes. Que teve aula com Alice Ruiz. Do sorriso sacana no rosto dele ao dizer isso. Do sorriso sacana que ele mantinha no rosto o tempo inteiro.
Mais da metade do que eu sei sobre literatura foi ensinado por ele. E por mais que na maior parte do tempo ele fosse um escroto - ou quisesse mostrar pro mundo que era assim; a mim ele não enganou, nem deslumbrou - he was a hell of a teacher. E nessa fase amável e diabética da minha vida, não custa nada agradecer.
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