terça-feira, 9 de dezembro de 2008

I'm not there.


Desiludido, realista, pop star, cansado, aprendiz, real. Seis faces de um Bob Dylan, que ninguém entende (nem mesmo ele, talvez), mas sente.
O filme não é hollywoodiano, não é fácil. Tenho que ver mais uma, ou duas vezes pra entender as lógicas, os por quês. Não é como uma narrativa comum - o que me fez lembrar de "As horas nuas", da Lygia Fagundes Telles - mas ao final tudo faz sentido. Os seis usam nomes diferentes, tem carreiras diferentes, tudo pra mostrar o quão "versátil", Bob era.
Tudo começa com o Aprendiz (pra facilitar as coisas), tocando sobre vagões de um trem e sua terra. Até ele ser criticado por cantar assim. "Cante sobre a sua época", dizem pra ele. E ele escuta, calado, sério. Absorve as palavras, "esfrega nos poros" - asim como a poesia.
O Desiludido canta a revolução! "Música folk", "música de pôr o dedo na ferida". É a época que ele canta com Joan Baez (interpretada pela Juliane Moore, sem o nome de Joan Baez). É um Dylan calado, cabisbaixo que depois de um tempo cansa de tudo. Vira protestante, escreve músicas sobre o cristianismo (apesar de suas origens judáicas). Despiroca total.
O Dylan Pop Star é o único não cantor. É ator; provavelmente um cutucão na profissão supostamente menos complicada de todas. Se apaixona por uma pintora francesa, tem duas filhas. Mas é infiel. Viaja demais, deixa a família de lado. Quando percebe que acabou, tenta correr atrás, mas não tem mais jeito.
Ahhhh o Dylan Real. O que eu mais gostei. Ele pára de escrever músicas de protesto, e começa a escrever sobre o seu "eu". Amores, vagabundagens, viagens psicodélicas. Acho que nessa época ele tava chapadããããão... Certeza que foi a época que ele mais fumou. Saiu do "folk", colocou mais rock, mais batida em sua música. Foi vaiado, xingado, chamado de traidor. Quando questionado sobre sentimentos, diz que não os sente. (AH, comprarei o DVD só pra decorar essa parte). É uma, das duas partes do filme em preto e branco.
Depois vem o Dylan Cansado. O que vive sozinho e se esconde atrás de máscaras. Que nega a revolta, mas a revolta faz parte dele. Não dá pra negar a revolta.
O Dylan Realista é o que menos aparece. Ele está sendo julgado. Se apresenta com Arthur Rimbaud. Ele parece a consciência, a experiência. É, ele é provavelmente isso. (a outra parte preta e branca do filme).
O filme é "meio" que indescritível.
Preciso ver mais vezes pra entender melhor.

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