quarta-feira, 15 de julho de 2015

Aquela velha história sobre amigos

Eu tenho esse blog diário há 8 anos e hoje parei pra pensar no quão doido é isso. 
A terapia eu comecei há 10, mas há 8 anos foi quando eu passei pela minha primeira experiência ruim com amigos e dor. Escrever besteira que eu tinha na cabeça foi o modo que eu achei pra aliviar a solidão e bem, até hoje tô aqui. Acho que tô escrevendo hoje porque vim pra Porto Velho e tô me sentimento bem solitária, sabe? Eu sempre coloco muita expectativa em vir pra cá. Casa. "Tô morta de vontade de ir pra casa". Meus amigos mandam 1000 mensagens perguntando quando eu chego e dizendo que precismos marcar algo pra fazer. Tirando os 3 de sempre, nunca marcamos. Eu sinto como se todo mundo tivesse seguido a vida e eu fiquei nesse meio, sem amigos em qualquer lugar que eu esteja (agora em São Paulo) e meio estranha com os daqui. Acabo passando  mês fazendo serviço doméstico pra ajudar minha mãe, dirigindo pro meu irmão e tentando não gritar e me estressar com meu pai.
Ontem eu fiquei conversando no telhado do prédio de um dos meus amigos mais antigos, o Pablo. Ele falou algo parecido sobre amigos (ele é de Porto Velho, mas tá estudando em Volta Redonda) e eu fiz algo que não fazia há muito tempo com qualquer pessoa: me abri. Enquanto ele falava coisas sobre a vida amorosa dele, a faculdade, sonhos e crescimento, eu ouvi como sempre faço com todo mundo. Mas falei. Falei como não falava há muito tempo - sempre guardando um pouco pra mim, sempre me reservando, porque né, senão não seria eu - mas falei coisas sobre meu término que estavam apertando meu peito. Dei os costumeiros conselhos (porque diabos meus amigos me procuram pra perguntar o que fazer vai ser pra sempre um mistério pra mim. Quer dizer, olha pra mim. Sério. Eu tenho cara de quem sabe alguma coisa?), só que agora sobre algo que eu NUNCA imaginei falar. Acho que nós dois crescemos um pouco e abrimos nossa cabeça pro mundo. Quem diria que as duas crianças cheias de razão, certeza e princípios iriam começar a ver o mundo meio cinza...
Tirando isso com o Pablo, tô há treze dias em casa me sentindo um peso morto. Saí poucas vezes com pessoas que claramente não queriam estar no lugar da saída (ou vai que era comigo, sei lá). Fiz almoço aqui em casa e mais da metade das pessoas que vieram claramente prefeririam estar em casa (inclusive foram embora cedo e mais tarde postaram fotos em outros lugares). Segunda-feira passada bateu a bad vibe de eu me sentir forçando pessoas pra perto de mim. Eu não sou uma pessoa divertida. Eu não falo muito, quando falo faço comentários meio bestas. Eu rio bastante, mas não sou a alma da festa. Sinto como se eu fosse uma ótima amiga pra estar longe: leio reclamações sobre a vida no whatsapp a qualquer hora do dia e da noite, respondo e-mails, digo que entendo. Quando estou perto ouço. Mas só. A única amiga daqui que quer me ver quase todos os dias basicamente me usa pra isso: eu sento e fico ouvindo ela falar da vida dela. Se eu falo de mim ouço algumas frases, alguns comentários monossilábicos. Semana passada essa minha amiga destruiu sem saber a frágil autoestima que eu tô sempre tentando construir. Não disse nada. Se eu dissesse provavelmente ouviria um "deixa de frescura!", nunca um "pô, te entendo. Tenta não ficar assim!" e um conselho bobo. Eu nunca tive uma amiga Umáyra, que me ouvisse sem julgar, pra quem eu pudesse falar "eu nunca disse isso pra ninguém".
Talvez seja como no amor. Ninguém nunca vai me amar do jeito que eu quero ser amada a não ser eu mesma. Talvez eu deva parar de esperar mais dos outros.
Talvez eu precise de uma amiga igual a mim.


Nenhum comentário: