quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

It's thursday, I have a shitload of things in my head

Passando pra avisar para as pessoas que diziam que eu tinha cara de barraqueira que levou um tempo (22 anos), mas eu virei algo parecido com barraqueira.
Luísa disse que eu passei 22 anos sendo panaca, deixando todo mundo cagar na minha cabeça. Já eu acho que tô agressiva mesmo, sonhando com o sangue na minha mão enquanto eu bato em alguém.
Enfim. Para todas as minhas perguntas, terapia é a resposta. 
Essa semana eu pensei nessa necessidade de aceitação que eu tenho e fiquei meio de cara; não tem nem um mês que eu fiquei chamando meu pai de Mr. Ramsay (o da Virginia Woolf sim) e eu sou uma porra de um Mr Ramsay melhorado, quase tão ruim quanto o meu pai. Talvez não tanto porque eu não fico brava quando as pessoas não dizem que eu sou brilhante. Na real eu até me acostumei a ser alguém mediano, meio medíocre - eu mirei tanto em ser feliz sem ligar pra bosta nenhuma que talvez tenha acertado. Hoje inclusive falei pra minha mãe que não ia mais ligar pra nada que ela diz em relação ao meu corpo (e fiquei me sentindo mal quando ela fez cara feia, fui pedir desculpa mas não arredei o pé. Talvez seja o primeiro passo pra cagar pro que geral diz) e bem, vamos lá. Eu tive uma autoestima destruída por frases do tipo "não é estética, é saúde" e porra, ninguém nem chegou a um consenso do que é saúde de verdade. Todo dia uma coisa nova mais saudável aparece e a antiga coisa saudável não é mais tão saudável então sabe, foda-se. Eu não tô no mundo pra sofrer ou passar vontade. Ninguém na verdade né. Eu devia ter tido consciência disso, do alto do meu privilégio branco, igual às minas do ensino médio que eu desprezava por achar fúteis. Duvido muito que elas tenham sofrido por algo tipo comer pudim ou não comer, eis a questão.
Será que ao invés de mandar um "enfia a saúde no cu e se preocupa com a sua" pro mundo eu deveria mandar um "para de se preocupar com essa merda" pra mim mesma? Talvez eu devesse mesmo parar de acessar o facebook de verdade (e for good) e tuitar menos. Afinal de contas, Anna Karenina não vai se ler sozinho.

Vir de férias pra Porto Velho é sempre maravilhoso porque eu percebo o quanto eu gosto de ficar em casa e como não tem nada de errado nisso. Eu acabo nem vendo todo mundo que eu quero (e eu quero, de verdade!); eu amo meus amigos, amo passar tempo com eles, mas eu amo demais meu quarto também. Eu também percebo o quanto eu não tenho muitos amigos pra desabafar. Não que eu fale muito (pelo contrário) ou desabafe. Mas perceber que cada um foi pra um canto e que ser amigo é mais encontrar de vez em quando pra contar história me dá um sensação meio angustiante, bate a consciência que a (oh meu deus) terrível idade adulta chegou. Eu voltei 5 passos começando outra faculdade com gente novinha, mas meus amigos casam, tem filhos, compram casa e carro. Eu lembro da Allison dizendo "when you grow up your heart dies" e dói meu peito daquela cena toda de Clube dos Cinco. Meu coração ainda tá vivinho e mole pra caralho, fazendo com que eu fique sensível lendo artigo do Huffigton Post, então talvez demore pra eu virar adulta. Ele inclusive é sensível e desconfiado demais pro meu gosto em se tratando de amor e pra isso eu realmente não tenho com quem falar (e nem acho que consiga. Sério. Não tô preparada pra falar), de todo o ciúme, da dor que de vez em quando bate... É quando eu me odeio por ter tido meu primeiro amor tão velha, todo mundo já passou por isso na adolescência e eu tô aqui na merda sem ter com quem falar e com vergonha e falar.
Mas né, pra todas as vergonhas, terapia também é minha resposta.


(eu escrevi isso ouvindo the cure e pixies e bem, o resultado taí: eu não me sentia tão aleatória e livre, sei lá, desde os 15 anos)

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