quarta-feira, 24 de março de 2010

Meu lado direito do cérebro.

Estava sendo consumida pelo marasmo. O tédio comia suas horas, por mais que tentasse ocupá-las com atividades diferentes. Não, não chegava a ser spleen. O Spleen acontecia naqueles meses de julho, dezembro e janeiro, quando o sol se tornava lenda de tão enfurnada em casa que ficava. A coisa toda era nova e lenta. A euforia de experiências novas estava sendo sugada, nutriente por nutriente.
Não lembrava da sensacão do abraco. Não que fosse hugaholic, ou algo parecido. Era conhecida por não gostar de abracos. Não fazia questão. Quando abria os bracos involuntariamente pra oferecer calor e alguém a lembrava disso, sentia vergonha (não aquela vergonha que deixa as bochechas vermelhas e as pessoas mais atraentes. Não fora feita pra ser atraente - em nenhum sentido). Achava que se sentiria em casa, naquele país frio e (supostamente) educado. Mas se sentiu só. Sentiu-se latina, alma latina, sangue latino.
De vez em quando sentia vontade de contato. Pele com pele. Pêlo com pêlo. E sentia o amor se irradiando dos outros. O problema estava a acontecer com ela, que se mostrou ser explosão de amor. Só a sua mente era européia e nem esta, por completo.
Ganhou alguns mimos da companheira de quarto. Nada grande. Leques, cartas, hashis, biscoitinhos, um ursinho de pelúcia, um caderninho da hello kitty e outras maravilhas inúteis vindas do Japão. Agora toda vez que vê o grande "Hug me" nos pés do pequeno teddy bear, sabe que tem um grande coracão. Grande, mole, doce e quente. Por mais que tenha passado 17 anos da vida negando.

"coração
PRA CIMA
escrito embaixo
FRÁGIL"
(paulo leminski)

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