domingo, 28 de março de 2010

Mas as pessoas na sala de jantar...

Eloá, João Hélio, Suzanne Von Richthofen e afins. Não estou comparando um caso com outro, mas tentando mostrar a ligacão entre eles: a mídia.
Que a mídia no Brasil não é imparcial nós sabemos. Mas a situacão atingiu o máximo na escala de nojo com o caso Isabella Nardoni.
Não vou escrever nada grande, até porque minha opinião de menina radical que se fosse jornalista seria de contra-cultura nadando contra corrente só pra exercitar é bem explícita. Mas que fiquei chocada quando vi uma multidão soltar fogos de artíficio com a condenacão do casal Nardoni, eu não nego. Manada, foi a única coisa que passou pela minha cabeca. As pessoas se acharam no direito de julgar duas pessoas, sem levar em consideracão que os dois tem dois filhos e uma família. Eu sei, que eles se eles forem realmente culpados (ó Deus, perdoai-me por pensar em cursar Direito e não acompanhar o caso Isabella Nardoni. Perdoai-me pois pequei como cidadã e pré-vestibulanda) eles praticamente acabaram com a vida não só da menina como dos familiares. Mas eu acho que antes de julgar qualquer coisa ou pessoa, deve-se analisar a situacão de vários ângulos. Não digo que não foi bem feito. Só não concordo com a forma que o povo se manifestou. Irracional.
E tão nojento quanto o povo, foi a mídia. Alcatéia. Não sou a melhor pessoa pra opinar sobre opinião (pelo meu radicalismo), mas sei que no Jornalismo sério, a imparcialidade é essencial. Dia desses, ao terminar de assistir uma entrevista com a avó materna de Isabella, notei que nenhum site ou canal televisivo procurou a família do casal. Se procurou, foi tão insignificante que nem eu - esponja de informacões - lembro. Imprensa marrom é pouco.
Panis et circenses é pouco.

Mudanca completa é radical demais. Até pra mim.

- O que eu posso dizer? Eu tô mudando.
- É, quem diria, né...
- Eu te falo isso, mas eu sei que você sabe que eu sempre fui capaz. Você sempre me disse isso, mas eu nunc...
- Aham, QUEM-DI-RIA...
- Filho de uma égua, tá só rindo da minha cara!


Aquele tipinho que te conhece mais que você.

Agora eu tô bem louca.

Vertigem. Tudo girando, girando, girando, girando...

sexta-feira, 26 de março de 2010

Nada.

NaCl, H2O.




Nada.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Museu de grandes novidades.

Feche a página se quiser algo sério. Isso vai ser só um desabafo.


Sei que já disso isso. Milhões de vezes. Pra quem quis e não quis ouvir. Mas a adolescência é - não sei me expressar de outra forma - a fase mais fodida da vida. Se você não concorda, provavelmente é um inconsequente que se encaixa. Eu não.
Tudo comecou quando os meus pais não bombardearam com com glitter e cor-de-rosa na infância. Enquanto as minhas amigas assistiam Cinderela e afins, eu assistia Mogli, Rei Leão, anime e Pernalonga e Patolino. Minhas fantasias de carnaval eram de bruxa e cigana, nunca de princesa. Com o tempo, eu comecei a odiar rosa, frescura e qualquer outra coisa que lembrasse de longe feminilidade. Meus amigos eram meninos e eu de certa forma queria ser como um menino. Não queria ser zoada, pagar de fraquinha. Meu orgulho não deixava.
O primeiro choque veio aos 10, quando era descobri que era menina. Primeiro sutiã, essas palhacadas. A responsabilidade que um maldito pedaco de pano trouxe foi quase insuportável. Eu não podia mais querer ser menino. Eu tinha que ser feminina. Eu tinha que ser como as Barbies que sempre brinquei (depois dos vestidos e cabelos impecavelmente arrumados, única coisa de menina da minha infânica). As cobrancas vieram de todos os lados. Mãe, amigas, escola. Só meu pai me entendia. Só meu pai sabia que o meu mundo era perfeito do jeito que estava, cheio de livros e cadernos.
Mas eu tive que mudar. Foi duro na época, eu lembro. Levantava os punhos e gritava contra esse tipo de sistematizacão sempre que podia. Mas mudei.
Aos 12 eu tive minha primeira desilusão de amigas. Aos 13 a segunda. Aos 14, a terceira e pior - aquela que me mudou completamente. A Umáyra de hoje não tem uma fibra da Umáyra de antes dos 14. Marcas profundas. Soa falso, extremamente dramático e exagerado, mas cada um lida com as coisas de modo diferente.
Os livros, se tornaram meus livros. Meus amigos, meus amantes. Parece papo de gente velha que tem sua própria biblioteca, eu sei. Mas só neles eu podia confiar. Os livros me apresentaram ao cinema, que me apresentou à boa música. A boa música me fez sentir (mais) revolta, e me tornei radical em relacão a tudo. Eu tinha muito menos que duas décadas de existência e ninguém me segurava.
Além de entrar em conflito com o mundo, entrei em conflito comigo mesma. Eu, pequenino menino wannabe, comecei a ter sentimentos por alguém. Uma das únicas coisas na vida que não me atingiu precocemente. Tive vergonha. Vergonha porque nenhum radical pode sentir nada, além de revolta. Eu não era eu, eu era o instrumento de uma idéia. Vergonha porque não podia quebrar meus votos de ser pra sempre imune a esse tipo de coisa. Então escondi.
Aos 15 reaprendi (?) a confiar em alguém. Acalmei a militante que existia dentro de mim. Aprendi a ouvir, aceitar, esperar, ter paciência, fingir. Sozinha. Convivi com alguém que sugava o pouco positivo que eu tinha. Firme, forte, rocha. Virei rocha. Tinha sangue quente suficiente correndo nas veias pra me sensibilizar pelos outros, mas nervos de aco em relacao a mim mesma.
Os 16 chegaram, meu último ano de escola chegou e com ele a expectativa da quebra de rotina. De futuro. Assustador e sombrio, mas excitante. Foi um inferno. Inferno porque a aparência - aquela coisa tola e inútil - contra quem eu sempre lutava em silêncio, resolveu vir à tona. Não aguentava mais estudar coisas que não me traziam solucões. Tudo me sufocava. Tudo.
Contei o que sentia pro meu amor platônico. Primeira vez na vida que contei o que sentia. Primeira vez na vida que fiz algo sem pensar. Frustrei-me.
Não sabia o que fazer. Queria viver de leitura, viver de escrita, viver de palavras. As palavras me construíram e reconstruíram, e com isso cheguei à conclusão de que eles eram minha vida. 
Se não fossem as palavras, queria que fossem as pessoas. As pessoas são egoístas, é verdade. Mas eu queria ajudá-las. Eu também era uma pessoa.
Não decidi. "Não sei, não sei", não passei no vestibular. Desmoronei. Chorei por três dias seguidos. Não quis ver ninguém. "Fugir" era a única saída, não importava como. E mais uma vez, as palavras me pegaram no colo e me fizeram enxergar as coisas como são.
Fugi. Me despedi de alguns, porque minha mãe me obrigou. Estava tão eufórica que não me importei. Eu, Umáyra-neofóbica, eufórica com algo novo. Estava mudando de novo e não percebi.
Experimentei tudo que pude, procurei dizer "não" o menos possível, conheci coisas novas e me permiti sentir.
Fiz 17 longe de casa e tudo virou possibilidade.
Ainda me sinto lixo, montanha russa emocional, não sei o que fazer, não sei onde vou morar, não sei nada do futuro e não planejo mais nada.
Pela primeira vez na vida, eu só sinto. Há dois meses eu não sou barroca, não sou realista, não sou romântica, nem me atrevo a dizer que sou árcade.
Eu só sinto.
E é libertador.

Eu sei que não vivi o suficiente pra saber o que é realmente se foder e não sofri de verdade, mas como eu disse, cada um lida com as coisas do jeito que sabe. Minha adolescência vai terminar oficialmente daqui a pouco, mas eu não sei se vai acabar dentro de mim. Talvez com análise, talvez sozinha. Talvez tudo isso seja fase e eu só não enxergo saída porque estou olhando as coisas pelo ângulo errado. Talvez eu devesse fazer útil a velha rabugenta de 70 anos que existe dentro de mim. Não sei. Por enquanto só vou seguir meu lado direito do cérebro.

(Por enquanto, Enjoy the silence, Wrong, Peace will come to me, Mastigando Humanos, Meg Cabot, Nora Roberts, Álvaro de Campos, Paulo Leminski, Charles Bukowski, Bakunin, Jane Austen, Rock n Roll. O que salvou a minha vida diversas vezes).

O que eu sinto, sem melodrama,

A quantidade de doces que eu comi em Londres é maior que a quantidade de doces que eu comi em toda minha vida;
Eu atendi milhares de telefonemas e não entendi uma palavra do que estavam dizendo;
Eu fico na internet e assisto canais de clipes como se estivesse em casa (compulsivamente);
Eu nunca comprei tantas coisas pra mim como eu estou comprando aqui;
Eu li 15 livros em 2 meses;
Eu chorei de emocao na Casa da Jane Austen, nos musicais que assisti e quando vi Picassos originais;
Quando eu vou a Candem Town tenho vontade de cantar Sex Pistols de tão feliz que fico;
Toda vez que eu compro um livro eu tenho vontade de sair dancando pela calcada;
Eu tenho vontade de comprar tudo que acho bonito;
Eu queria poder visitar todos os museus da cidade, mas são muitos e eu tenho que escolher alguns. Pra não me sentir mal por isso, eu não olho pras placas de museus nas ruas;
Eu comi coisas de metade dos países do globo, mas não largo a minha culinária brasileira por nada;
Estranha, geek e bookworm são adjetivos que definitivamente se aplicam a mim;
Eu pensei em fazer identidade falsa pra conhecer a vida noturna de Londres, mas depois de olhar as fotos das festas dos meus colegas de turma eu desisti;
Mesmo podendo beber (por estar longe dos meus pais) eu só provei cerveja, tomei meio copo de whiskey e algumas tacas de vinho;
Eu descobri que tenho capacidade de fazer tudo, sem ajuda de ninguém. E agora vem o clichê: é só querer;
Eu só sinto saudades do meu país de vez em quando;
Idem pras pessoas, família, rotina... Mas acho que é só porque eu não paro pra pensar nisso;
Eu não fiz nenhum amigo estrangeiro (até porque estrangeiro é frio e ponto final);
Eu descobri que apesar de ter muita europa na cabeca, meu sangue é latino (ele só é europeu quando eu comparo com o das pessoas MUITO latinas*);
Eu queria poder estudar aqui ou em NY (oportunidades de ir pra NY é que não faltam);
Eu queria poder me desligar de metade da meia dúzia de amigos que eu tenho.

*como uma pessoa pode ser "muito latina"? Só sendo pra saber.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Meu lado direito do cérebro.

Estava sendo consumida pelo marasmo. O tédio comia suas horas, por mais que tentasse ocupá-las com atividades diferentes. Não, não chegava a ser spleen. O Spleen acontecia naqueles meses de julho, dezembro e janeiro, quando o sol se tornava lenda de tão enfurnada em casa que ficava. A coisa toda era nova e lenta. A euforia de experiências novas estava sendo sugada, nutriente por nutriente.
Não lembrava da sensacão do abraco. Não que fosse hugaholic, ou algo parecido. Era conhecida por não gostar de abracos. Não fazia questão. Quando abria os bracos involuntariamente pra oferecer calor e alguém a lembrava disso, sentia vergonha (não aquela vergonha que deixa as bochechas vermelhas e as pessoas mais atraentes. Não fora feita pra ser atraente - em nenhum sentido). Achava que se sentiria em casa, naquele país frio e (supostamente) educado. Mas se sentiu só. Sentiu-se latina, alma latina, sangue latino.
De vez em quando sentia vontade de contato. Pele com pele. Pêlo com pêlo. E sentia o amor se irradiando dos outros. O problema estava a acontecer com ela, que se mostrou ser explosão de amor. Só a sua mente era européia e nem esta, por completo.
Ganhou alguns mimos da companheira de quarto. Nada grande. Leques, cartas, hashis, biscoitinhos, um ursinho de pelúcia, um caderninho da hello kitty e outras maravilhas inúteis vindas do Japão. Agora toda vez que vê o grande "Hug me" nos pés do pequeno teddy bear, sabe que tem um grande coracão. Grande, mole, doce e quente. Por mais que tenha passado 17 anos da vida negando.

"coração
PRA CIMA
escrito embaixo
FRÁGIL"
(paulo leminski)

terça-feira, 23 de março de 2010

O maior clichê ateu do mundo.

Eu sou uma página em branco.


Branco que me dói os olhos.

Fez-se a luz.

O oceano que escondia meu iceberg se abriu. Se foi Moisés ou eu não sei. Só sei que o meu profundo é quente, é luz e silêncio. Não é um iceberg, é um vulcão. O iceberg é só a ponta. O oceano saiu, lembra? Não precisa mais ter vergonha de ser vulcão, de ser paixão. Gelo com uma camada de acúcar, eu proclamava. Mentia. Acúcar e mel com uma camada de gelo. Gelo que teima em existir.
São como milhões de pequenas epifanias. Como aquela da dona de casa de "Amor", da Clarice Lispector. É notar-se e notar o mundo. É êxtase e melancolia ao mesmo tempo. É saber todas as respostas e esquecê-las. É descobrir que o amor dentro de você é tão grande que não cabe.
Pisco os olhos e acabou. Fim. The end. Finito. Não sei se existiu ou não. O "se" vai ficar marcado pra sempre na ponta do iceberg. "Soprar a vela do dia" é o que me resta.

Ironia ter encontrado a luz na escuridão.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Fico.

Mais um mes nesse pais que me engana os sentidos e sentimentos.

"nem mais, nem menos
o tempo que temos:
este instante"
(Rodrigo G.)

Ne?