domingo, 7 de janeiro de 2024

Eu quero acreditar que a Anistia Internacional e o C1 em francês não me tornariam alguém feliz

 Eu um dia quis mudar o mundo, até meu mundo acabar um pouco. Aí decidi que só queria ser feliz. Mas acho que sempre ficou ali um resquício dessa vontade, misturada com um sentimento de fracasso (que sempre me acompanhou em quase todos os âmbitos de vida). Eu nem tentei mudar o mundo - não do jeito clássico, óbvio, de quem trabalha em ONG, coloca a mão na massa. Claro que cada ser humano pode mudar muita coisa em proporções menores; talvez a "escolha" de ser professora tenha sido causada por esse desejo de mudar alguma coisa. 

Eu nunca estive tão perdida profissionalmente. E por conta dessa sensação, de estar nesse deserto, sozinha, caminhando sem nem ver um oásis, tudo que se relaciona com minha falta de vida profissional ou com a vida profissional que eu poderia ter tido me machuca de maneiras inimagináveis. Alguns fantasmas do meu passado voltam para me assombrar; fantasmas que eu nem sabia que existiam, mas toda vez que aparecem, eu acabo entrando numa grande espiral de crise existencial.

Hoje eu chorei no ombro do meu amor, listando todas as minhas frustrações; chorei porque os remédios que eu tomo para perder peso só me dão nausea, e porque meus pés doem. Chorei porque estar nesse deserto é horrível. Chorei porque não tenho coragem de fazer o que precisa ser feito.

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