domingo, 20 de junho de 2021

eu queria ser uma italiana bonita

 volta e meia e venho aqui e digo que não estou tendo um dia bom. os motivos são variados, mas tem um assunto que sempre volta: o do medo de não ser amada por quem eu sou.

acho que esse medo é uma coisa meio geral, mas pega sempre mais pesado em pessoas que não se encaixam em padrões físicos ou mentais. eu fui uma menina gorda e racializada (seja nas feições que não são totalmente brancas ou no cabelo que nunca está suficientemente assentado), sempre fui rebelde demais, e sensível demais também. depois de dar voltas e mais voltas na minha cabeça e na terapia, eu entendi que precisava me amar, e trabalhar para o meu crescimento ao invés de esperar que alguém me amasse ou aceitasse. é isso que eu faço. eu tive que entender que não posso comparar a minha história com a de ninguém, nem o meu jeito ou a minha aparência com a de ninguém. a fuga das redes sociais serve basicamente pra isso também. 

mas tem dias em que tudo o que eu queria era alguém que segurasse minha mão. tipo na música dos beatles mesmo. tem dias em que tudo o que eu queria é a companhia que algumas pessoas conseguem de forma tão fácil. o amor, o carinho, a afeição, a admiração. eu queria não ter que aceitar que talvez eu vá ser sempre sozinha, e vou ter aguentar o peso do mundo sozinha, mas com alguma espécie de leveza - pra não sucumbir. é difícil. eu nunca vou ser uma italiana bonita e magra, que vai receber áudios apaixonados de alguém do outro lado do mundo. às vezes me dar conta disso... dói.


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