Eu estou há dois dias sem redes sociais, e cada dia sem deixa mais fácil lidar com a falta.
Quando eu penso no meu uso de redes sociais, eu vejo o quanto eu uso mais quando estou solitária. Talvez sejam todos os anos morando sozinha: o twitter, o facebook, o tumblr, o que seja, eram uma maneira de interagir com alguém - amigos, colegas que são possíveis amigos ou mesmo desconhecidos. Quando eu estou com a minha família ou os meus amigos, eu acabo usando muito menos, e me expondo muito menos. Não que se expor seja um problema; mas eu sinto que é um problema pra mim.
Eu fui uma adolescente que queria ser a Greta Garbo.
Ao mesmo tempo em que eu queria me encontrar no mundo e me entender melhor, eu queria ser invisível. Eu queria ser especial pra alguém, o centro do mundo de alguém, mas queria ser invisível pra todo o resto. Hoje eu sei e sinto que sou especial pra mim, e não preciso ser o centro do mundo de ninguém, mas sigo querendo ser invisível (seja usando preto pra me disfarçar ou sendo espalhafatosa quando me dá na telha, mas SÓ pra mim). Talvez, acima de tudo, eu só queira ser deixada em paz. Talvez eu só queira ser tranquila, sem sentir esse impulso incontrolável e avassalador de me comparar com outros.
Eu acho que as redes sociais são gasolina pra esse impulso.
Hoje eu vi um programa de TV com uma mulher muito bonita, também gorda, mas dentro de vários outros padrões em que eu não estou incluída. Ela me lembrou uma imagem muito específica: a descrição da mulher ideal do último cara que eu fiquei. Era um programa engraçado, mas eu senti uma vontade imensa de chorar. Eu só conseguia pensar no porquê de não ser bonita daquele jeito, e quase abri o twitter pra fazer alguma piada, ou ver algum meme ou notícia horrorosa sobre o Brasil. Eu desisti, mas vim escrever aqui, como fazia na adolescência, como se fosse um diário - sem nenhum compromisso de escrever bonito, ou fazer com que algo faça sentido. Acho que esses poucos parágrafos estão fazendo com que eu me sinta melhor.
Hoje eu fiz as unhas e organizei algumas coisas. As roupas que não me servem estão aos poucos deixando de ser uma prioridade, e eu acho que em pouco tempo eu vou conseguir me livrar delas sem sentir culpa ou qualquer coisa assim.
Eu acho que estou cada vez mais perto de conseguir me livrar de muita coisa que me faz mal. Sem culpa, sem tristeza, só aceitação de que tudo tem um fim, e que nem tudo é pra mim. Eu escrevo isso com lágrimas nos olhos hoje, mas um dia eu sei que vou apenas sorrir.