Pollyanna estava há anos anos fora de casa, estudando. Voltou por puro truque do destino: não gostava da faculdade e a vó ficou doente. "Eu cuido dela", Pollyanna disse. Voltou. Tinha o hábito de cantar todos os domingos na missa da noite. Os amigos da missa chamaram, "Vem Pollyanna, seria bem legal se tu cantasses". Foi. Lembram-se dos dois anos fora? Impossível não ver rostos novos - mesmo a cidade sendo pequena. Recepção calorosa, abraços e carinho pela volta. No meio da multidão, um rosto desconhecido olha da cabeça aos pés e vira o rosto. "Normal", Pollyanna pensa. Mas não era normal. Os meses passaram e certeza do desgosto desse rosto só aumentava. Pollyanna ficou chateada: nada tinha feito. Pelo contrário. Apesar de calada, sempre foi aberta.
Um dia Pollyanna precisou parar de cantar. Nódulo nas cordas vocais. A comunidade ficou triste por ela e pela falta que sua voz fazia. Menos o rosto. O rosto começou a falar com Pollyanna.
Pollyanna deixou de brilhar e a cria do rosto começou a aparecer.
É um mundinho invejoso esse nosso...
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