hoje eu cabulei aula e voltei mais cedo pra casa. a universidade fica perto do lixão da cidade e na volta, o ônibus vai até o bairro do lixão antes de fazer o retorno. estava de fone, escutando músicas tristes e pensando nas coisas de sempre - tenho 19 anos e nunca fiz nada que realmente quis, vivo pelos outros, não quero estar aqui - e aí entrou uma moça e sentou na minha frente. ela estava com o cabelo molhado, usava um creme que me lembrou algo muito bom. tinha argolas nas orelhas e carregava uma sacola de viagem. "poxa, que chato sair de casa essa hora" pensei, esbanjando casmurrice. "será que ela está indo viajar pra encontrar o amor dela? todo mundo devia ser amado. todo mundo merece ser amado". comecei a rir. toda vez que tenho uma epifania, lembro de 2009; eu lendo aquele conto sobre epifania da clarice pra fazer vestibular. eu me achava confusa e triste naquela época. mal sabia que passaria por tristeza maior, por confusão maior. hoje eu não sou triste. eu fico triste. e a confusão? acho que agora é pelas coisas certas. olhei pra janela, o vento estava bagunçando só um pedaço do meu cabelo. começou a tocar "horizonte distante". pobre menina burguesa, perco tanto andando de carro... sorri.
(depois tive que andar 4,2 km até chegar em casa, mas pelo menos fui cantando. as ruas estavam vazias)
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