sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Adeus, e não sentirei saudade.

Claríssimo que ando meio cheia de tudo, inclusive de mim mesma. Os oito livros que comprei essa semana estão em cima da estante, e só não são inúteis porque nada é mais bonito que um bom livro - mas eu não consigo parar de pensar na Becky Bloom quando os olho. A Becky Bloom, pra quem não sabe é shopaholic (e se você não sabe o que é shopaholic joga no google, que eu tô com preguiça de explicar). Ela acha que tem que ter milhões de coisas e as compra, mas tudo acaba socado dentro do guarda-roupa. Ok, livro nunca é demais, mas eu sei que comprei só de olhão mesmo. Além de não ter tempo pra ler, eu só comprei livros sérios - porque eu sabia que a minha mãe ia ter uma sincope se eu gastasse mais de duzentos reais com chick-lit - e eu sei que vou demorar pra ler todos e quando eu quiser mais livros minha mãe não vai comprar justamente por eu ter uma pilha pra ler (me senti o Saramago de quinta escrevendo períodos to tamanho do universo, haha). Tá vendo? Becky Bloom e eu, separados na maternidade.
Cheia de livros, cheia de mim, cheia da escola. Argh. Quando todo mundo falava que a adolescência é a melhor fase eu não acreditava. Quando todo mundo falava que o Ensino Médio é a melhor parte da sua vida escolar eu não acreditava (até porque quando você chega no Ensino Médio, a melhor fase da vida escolar automaticamente vira a Faculdade. Mistééério...). Quando todo mundo falava que o terceiro ano era o melhor ano do universo, eu acreditava. Pobrezinha, ingênua. Vai ver as pessoas que me diziam isso eram os populares da escola, iguais àqueles de comédia-romântica água com açúcar, e eu não me liguei que seria uma huge looser, que quer sair da escola a qualquer custo. Por que é exatamente isso que eu quero fazer.
Sábado retrasado foi a tal "Aula da Saudade". Saudade de quê? Da humilhação, da raiva, da frustração que os professores me faziam passar todos os dias? Da sistematização visível que a coordenação queria que eu "participasse"? Das brigas entre "amigos"? Dos barracos na sala de aula que tornaram a convivência insuportável? Sorry, eu não sentirei saudade. Só de pensar no tanto que a minha paciência se exercitou esse ano, eu sinto calafrios de ódio. Agora, ver toda a hipocrisia do mundo em uma manhã foi o limite. Homenagens à colegas de turma, professores, coordenadores, "Valeu a pena!", "Sentiremos falta disso tudo."? Falem por vocês. Até ameaças de processos rolaram esse ano! - e passar a borracha nisso é demais pra mim.
Não sentirei saudade. Os cinco anos de "Classe A" só me custaram tempo de análise - tempo que poderia ser gasto com o meu problema maior, que é a minha relação com o meu pai -, os três anos de Ensino Médio só fizeram o inverno crescer aqui dentro. Assim como eu tenho certeza que não sentirei saudade da casa dos meus pais (Oh que saudades não tenho/ de minha casa paterna, Drummond disse), tenho certeza que esses anos que escola vão para a minha lixeira mental.


Notaram as hipérboles? Além de Leminski, Álvaro de Campos me consome.

ps. Oficialmente, eu não tenho tempo pra ler. Mas na prática...
pps. É engraçado como pessoas que nunca viram seu rosto, constantemente te fazem sentir melhor que seus amigos de todo dia. Com poucas palavras. Talvez seja porque elas não conhecem os seus defeitos. Dá até vontade de ser geek sociopata que só tem amigos virtuais. But whatever, o que importa é se sentir bem, não é?

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