Quando eu era jovem e inocente (me sentindo com 60, sério), eu adorava estar cercada de pessoas. Risos, fofocas, histórias, filmes, músicas - tudo era melhor quando compartilhado. Quando a velhice foi me tomando - com suas vantagens e problemas - passei a apreciar a solidão. Ir ao cinema sozinha, ter livros como melhores amigos, fazer refeições apenas pra uma pessoa... De repente, as pessoas começaram a me sufocar, exigir demais, prender. Hoje conto meus amigos nos dedos de uma mão, e nos momentos de queda da montanha russa emocional que eu sou, os meus dedos somem. Mas as pessoas são engraçados, não? Parece que quanto mais você quer fugir delas, mas elas te perseguem. Elas ligam quando você quer curtir uma barra de chocolate e Gael Garcia Bernal, uma boa tarde de sono, ou aquele livro que você esperou ser traduzido por três anos. Você acaba gostando delas, as amando. Você se prendendo a elas. E quando as exigências voltam, você se pergunta se realmente está preso por vontade.
A solidão pode ser cruel, quando não a queremos. Depois que ela fica presente muito tempo, acaba se tornando uma companheira, um refúgio. Você se sente o maioral, o Clark Kent, canta I'm safe up high nothing could touch me; e quando alguém entra no seu refúgio, a sensação de vulnerabilidade é tão grande que a única coisa que dá vontade de fazer é
fugir.
2 comentários:
Mocinha, você não está na Bienal, mas eu estou aqui com você.
É pra isso que a gente escreve.
Solidão só é boa quando é uma decisão. Embora, claro, no fundo, sempre seja uma decisão.
E ás vezes no meu universo particular eu decido e decido que eu só quero me curtir e curtir um livrinho ou um bom seriado seguido de um pouco de sorvete ou gelatina.
E faz bem, faz sim.
Só é ruim quando vicia. E eu tenho uma facilidade para vícios...
[www.autodidatica.blogspot.com]
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