Desde pequenos nós somos obrigados a tomar uma posição em relação a tudo: a posição certa. A posição certa (quase sempre) se resume ao senso comum. Depois de alguns anos indo à escola, você logo saca que o tal senso comum não é certo. Não se pode usar o senso comum em redações, debates ou como argumento base para nada. O paradoxo começa aí.
Aí você cresce. Tudo o que você fala é levado em consideração, desde conversinhas informais em portas de banheiro a discussões em salas de aula; e o pior: pode ser usado contra você. É a lei, afirmam. A lei vai te martelar como um prego usado numa construção; na construção de um prédio alto, grande, que só vai servir para alguns. Se você entortar, o martelo te arranca da construção e te joga no lixo. Mas como eu posso aceitar a lei, se ela é dúbia? Você pode até apontar o dedo na minha cara, me chamar de prego torto, mas pare um pouquinho e pense: a lei é usada a favor de corruptos, mentirosos, ladrões, traficantes, e o resto da corja de canalhas do qual o mundo é composto. Eles se livram da justiça como a tal "Lei", correta, séria e honesta; e o mundo quer que aceitemos a Lei em vez da verdade e da JUSTIÇA?
Que me desculpe o mundo, mas esse prego aqui não vai ser descartado. E eu vou lutar para que esse prédio não sirva para a sordidez alheia.
"(...) se mantiveres a aparente dignidade, mesmo diante de provas inabaláveis do teu crime e disseres com voz clara e serena: 'Tudo isso é uma infâmia sórdida dos meus inimigos' (...) se disseres isso sem suar, sem desmanchar a gravata, com roupas impecáveis que não revelem o esterco que te vai dentro d'alma, se fores capaz de chorar diante de uma CPI, ostentando arrependimento profundo, usando de tudo, filhos, pais, pátria, tudo para te livrar... e, sobretudo, se puderes construir uma ideologia que te justifique e absolva, de modo que os atos mais sujos ganhem uma luz de beleza e coragem, se puderes dourar tua pílula, colorir teus crimes, musicar teus grunhidos, de modo que possas mentir com fé, trair sem remorsos e roubar com júbilo (...) e se, além da confiança na cega Justiça, dos desembargadores que sempre te acolherão, se, além desse remanso, roubares mesmo (...) eu te direi que serás, sim, impune para sempre, um extraordinário canalha, meu filho, um verdadeiro, um grandioso filho-da-puta brasileiro!"
O "Se..." do canalha nacional - Arnaldo Jabor
(do livro Pornopolítica)
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