sexta-feira, 15 de abril de 2022

"tudo passa, tudo passará"

 absolutamente ninguém me prometeu equilíbrio na vida adulta, mas se eu sequer sonhasse na adolescência que existia a possibilidade de eu passar semanas sentindo o peso de crises existenciais intensas e me sentindo o maior fracasso da face da terra, eu acho que teria acabado com tudo ali mesmo. não tinha final de saga infanto-juvenil que me segurasse viva, apesar de ser muito doce a esperança de liberdade que a vida adulta proporciona pra adolescência; é engraçado pensar na mudança de paradigma que eu tive ("a vida tem que ser um infinito de felicidade, senão não vale a pena" pra "a vida é feita de pequenos momentos que eu preciso aproveitar, qualquer coisa no meio tempo é mais do mesmo) e como essa mudança foi natural, além de muito necessária. talvez as forças que a gente encontra pra continuar vivendo estejam exatamente nessas pequenas mudanças de paradigma. se não fosse isso, nada valeria a pena.

quarta-feira, 6 de abril de 2022

Sobre chorar no ombro de um homem por 30 minutos seguidos

 Um dia antes de nós dois viajarmos você me perguntou se eu estava bem, e eu disse que não sabia. Eu comecei a chorar copiosamente, porque sentia que alguma coisa dentro de mim estava sendo deixada pra trás - e não era um sentimento exatamente ruim, apesar de haver muito medo. Parecia que eu estava crescendo. Pela primeira na vida eu não tinha chorado na frente dos meus pais antes de ir embora, porque eu acho que eles também sabiam que agora eu estava viajando pra ter a minha vida, não tão conectada a eles. É doloroso, aterrorizante, mas libertador... Assim como todas as coisas relacionadas ao meu futuro. Eu espero que você sempre queira fazer parte dele, porque eu sei o tamanho do meu desejo para que você sempre esteja aqui do meu lado.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

29 voltas ao redor do sol

 eu espero que tudo que eu planejo dê certo, porque eu acho que tudo o que planejo é a escolha certa por agora.

apesar de todas as incertezas, atrasos e sumiços... acho que vai valer a pena.

quinta-feira, 8 de julho de 2021

demônio do meio-dia

 há meses eu te sinto respirar atrás de mim, esperando o momento certo pra atacar. não que você alguma vez nesses longos anos em que me faz companhia tenha esperado o momento certo: sou eu quem forço a barra, seguro o máximo que posso pra que você chegue quando eu estou menos ocupada, ou quando eu consigo fazer malabares com você e as outras questões da minha vida.

quando eu tinha 12 anos, eu lembro de te sentir comigo pela primeira vez. claro que era tudo muito confuso, e eu tinha outras companhias e outras descobertas a fazer, mas você já estava ali, e aparecia na frente do espelho quando eu ficava sozinha, ou quando eu tinha um caderno na mão.

aos 15, eu te dei uma ajuda com remédios: tomei um que te ajudou a crescer, e eu já sentia que você provavelmente me acompanharia pro resto da vida. seus amigos, que também viraram uma espécie de companheiros meus, chegaram com novidades: eu passei a me punir, ficar sem comer e depois comer até não aguentar mais, me coçar até tirar sangue, arrancar os cabelos da parte da frente da minha cabeça.

aos 18, você voltou e me ninou por muito tempo. eu tentei te expulsar de perto de mim, usando remédios. eventualmente, os remédios serviram pra que eu tentasse sair de mim. eu não consegui. esse ano esse episódio completa 10 anos. eu não te entendia muito bem, então chorava muito, não conseguia levantar da cama e as paredes brancas do meu quarto úmido são um gatilho até hoje.

aos 23, você voltou com uma cara diferente: eu achei que você não voltaria mais, e de certa forma, você não voltou. ou eu mudei, fiquei mais forte. então você teve que mudar também, e eu conseguia fazer tudo o que precisava fazer sem que você me paralisasse. o que de certa forma tornou tudo mais difícil: eu parecia normal; só sentia vontade de me jogar na faixa exclusiva do ônibus do ponto da maria antônia. você trouxe outros amigos, e eu tive que aprender a lidar com eles tomando outros remédios. 

agora, aos 28, você voltou próximo do final de um ciclo. eu sigo fragilizada, por vários motivos. dessa vez, eu estava mais ou menos preparada. eu já te sinto há meses, respirando atrás de mim. eu achei que pudesse ser outra coisa, mas não foi. eu ainda não sei como vou fazer pra lidar com você agora, mas preciso fazer alguma coisa.

em todas vezes, principalmente depois dos 18, depois que eu tentei sair de mim e não consegui, ter você por perto me dá a sensação de falha. de que eu sou um ser humano quebrado, e que não fui forte o suficiente pra lidar com você e com a vida. eu gosto da teoria de uma antiga terapeuta, de que você nasceu comigo, e sempre esteve no meu sangue. a sensação de fracasso fica menor quando eu penso assim.

eu não sei se vou contar pros meus pais que você voltou, ou pra qualquer pessoa. eu acho que por enquanto, vou só tentar me fechar um pouquinho, pra entender como você está agora, e como eu posso lidar com você. eu me sinto um fracasso, mas eu acho que sou muito forte, sabe. você sempre esteve comigo, mas nunca me venceu.

sexta-feira, 2 de julho de 2021

todas as divindades como testemunha

 nunca mais eu vou dar atenção pra nenhum homem que não me mereça