De todos os livros e filmes que já vi na vida, a personagem com quem eu mais me identifiquei foi a May, de A vida secreta das abelhas. Não só porque nós temos o mesmo apelido, mas porque ela é excessivamente sensível. Eu sempre fui sensível demais e sempre chorei muito. Quando algo muito feliz acontece comigo ou com qualquer pessoa, eu choro e sinto que meu coração vai transbordar de alegria. Quando algo muito triste acontece, eu choro e passo dias sentindo que o mundo não vale a pena. O vô tá no hospital desde semana passada e eu já não estava muito bem, daí hoje recebo a notícia de que o filho de um amigo no meu pai foi assassinado. Ele era policial, daqueles que eu desaprovo, que batem palma pra gente que incita a violência. Mas ele não merecia morrer, muito menos de forma tão violenta. Quando eu paro pra pensar, acho que ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém - mesmo um criminoso merece julgamento. Que seja punido pela justiça terrena. Mas nenhuma vida vale mais do que a outra, por mais degenerada que a pessoa esteja. O Bianor Jr. tinha 25 anos - era só dois anos mais velho que eu. Ele não era alguém da Síria, alguém por quem meu coração pesa mas se blinda. Ele não era próximo. Eu lembro mais do irmão dele que foi fazer vestibular comigo no Acre, e da mãe dele que me chamava de boneca e dizia que queria muito ter tido uma filha menina (eram quatro meninos). Meu pai acabou de me dizer que 6h da manhã ela estava lavando o asfalto porque não queria o sangue do filho dela no chão. Eu sei que Deus não tira a dor do nosso peito, porque inúmeras vezes eu implorei pra Deus tirar do meu coração esse monte de coisa ruim que eu sinto e escondo, então não sei se peço pra Deus ou pra qualquer outra divindade tirar o peito da mãe do Bianor Jr o que ela tá sentindo agora.
Eu queria poder ajudar a pessoas de alguma forma.
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