sexta-feira, 26 de setembro de 2014

involuntário

vazio que enche
ódio do reflexo
fundo que puxa e diz que não mereço coisas bonitas
tristeza profunda do ser

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Eu também queria ter respostas.

É engraçado ver como quase todo mundo gosta de resumir as coisas, tornar absolutamente tudo mais simples. Até mesmo uma pessoa. O ser humano é complexo em cada mínimo detalhe biológico: físico e principalmente mental - e é justamente esse aspecto o mais erroneamente simplificado. Não se pode querer explicar sentimentos. Mesmo o ser mais dotado de empatia não pode afirmar com certeza como o outro se sente. Ele se põe no lugar e expressa achismos. Mas ele não pode afirmar o que o outro pensa ou como o outro se sente (por mais que você ache que isso é possível fazer e faça o tempo todo comigo, pai).
Quando eu digo que estou triste ou com a autoestima baixa, ninguém pode fazer nada. As pessoas podem me escutar e dizer "eu sei, é difícil, mas vai passar" (mesmo não sabendo o quão difícil é), mas julgar e dizer "você é assim por causa disso e disso" além de inútil é cruel. E é mais ou menos isso que acontece TODAS AS VEZES em que eu tento explicar o que eu sinto pra vocês: eu tento apontar motivos (que podem estar corretos ou não - nem minha terapeuta, nem nenhum dos textos que eu escrevo desde os 12 anos podem mostrar ao certo a "causa dos meus problemas e paranoias"), mal termino e sou julgada. "Você devia ter feito isso. Eu falei pra você". Como se eu, alguém que sofre de ansiedade a ponto de ter entrado em depressão, precisasse de mais julgamentos. Tenho plena consciência de que preciso de conselhos e é dever de vocês dá-los. Mas eu não preciso de mais gente me julgando. A minha mente já faz um trabalho muito bom em relação a isso. 
Não tentem querer resumir meus sentimentos. É estúpido dizer que eu tenho autoestima baixa porque sou gorda. Isso não é matemática, existe todo um contexto por trás de mim. E autoestima não tem a ver apenas com aparência, por mais que vocês insistam em me dizer isso quando eu menciono "autoestima". Uma pessoa não chega ao ponto de querer não existir simplesmente porque é "gorda" ou "feia". Eu não me enganei ou tentei enganar os outros quando disse que não ligava pra isso, mãe. Eu realmente achava e ainda acho que é idiota ligar pra isso, mas como todo ser humano, eu também quero ser aceita. É muito confuso pra minha cabeça ter que aceitar a ideia de que eu tenho que mudar - e durante essa mudança sofrer desnecessariamente - pra poder ser aceita. Eu sempre quis só ser aceita, principalmente por vocês, Talvez a fonte da ansiedade seja essa: a aceitação. Eu não posso mudar o pensamento de toda uma sociedade, mas eu poderia tentar mudar o de vocês. Não é legal e nem fácil ouvir um "Eu te amo do jeito que você é, mas..."; o implícito sempre foi bem claro pra mim: você está errada. "Eu te amo, mas você está errada". 
Eu sei que não é fácil pra nenhum dos dois me ver confusa ou triste. Eu sei que se fosse por vocês, eu não sofreria. Mas vida é isso. Eu também queria ter respostas. Mas não tenho. E nem vocês (por mais que você ache que pode resolver tudo na minha vida, pai. A vida acaba sendo minha, não é?).

(Escrito pros meus pais em 06/07/2013. Não tive coragem de enviar)

terça-feira, 16 de setembro de 2014

alceu me avisa há alguns anos

coração mais que bobo pipocando dentro do peito e eu sempre mais que iludida dizendo que já não tenho coração

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

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Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.

Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
 Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.

Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
 Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arrancar a luz sagrada!

Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!

(Mário Quintana)

larga essa tecnologia

e não me diz "não"

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

homem

confio de olhos fechados
(de perfil, um olho entreaberto)

terça-feira, 9 de setembro de 2014

When you start to live

Hoje eu acordei pensando em dois anos atrás e como as coisas seriam se eu não tivesse feito certas escolhas. Há dois anos eu resolvi colorir e complicar minha vida e tive muito dos dois. Eu sempre disse pra todo mundo que me perguntava que a melhor coisa é colocar os prós e contras na balança antes de se decidir e eu jurava ter seguido meu próprio conselho. Mas eu não sabia, eu não fazia ideia da quantidade de complicações que esse arco-íris iria me trazer. Além das externas e óbvias, as internas que eu julgava não ter. Poor fool! Minha vida tinha acabado de começar e metade dela eu passei fechada. Como eu pude ter tanta certeza de que seria forte e insensível a certas coisas e certos sentimentos? Agradeço ao tempo por ter feito o furacão do começo se tornar leve ventania; agradeço as minhas raízes (que descobri fortes) por me manterem firmes mesmo com a ventania. Não há jeito de conter as lágrimas, claro. Mas agora elas sempre vêm escondidas e quando estou sozinha. Meu arco-íris me machucou mais do que eu esperava; sinto que estou voltando a me fechar e talvez isso signifique um longa chuva. Não desejo nada disso e vou tentar ir contra minha própria natureza - ah, primeiras vezes! Foram muitas. Se eu tivesse feito tudo diferente há dois anos, há um ano... Nunca saberei. E no fundo, não me arrependo.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Moi

"There's good in all of us and I think I simply love people too much, so much that it makes me feel too fucking sad. The sad little sensitive, unappreciative, Pisces, Jesus man. Why don't you just enjoy it? I don't know!" (from Kurt Cobain's last note)