segunda-feira, 15 de abril de 2013

Sobre mim: sempre e pra sempre.

    Eu vi o vídeo da campanha da Dove hoje mais cedo e chorei horrores. Nele se vê como as mulheres se cobram e o quão duras são consigo mesmas. Em menos de dois minutos de vídeo eu lembrei que hoje passei o dia sem me olhar no espelho por me achar horrível.
    Não me olhar no espelho é algo difícil: meu quarto tem três e um deles é a porta do meu guarda-roupa. Eu sempre quis um espelho grande, apesar de sempre ter odiado minha aparência. Pra mim, o grande truque ao ter que "lidar" com minha imagem foi "nunca questionar". Quando me questiono, eu me machuco. Então sempre foi simples: "eu me odeio e não gosto de me ver, não quero ter que me encarar. Mas também não quero tentar entender porque quero um espelho gigante pra ter que me encarar, mesmo que acidentalmente, todos os dias". Pois bem, raramente me questionei. Passei a adolescência inteira fugindo de mim mesma e sendo o mais inseguro dos seres.
    Até que um dia, eu me peguei olhando pro teto de um quarto que seria meu por mais 6 anos. Eu não tinha espelhos ou câmeras fotográficas (as, as fotos, como eu fugia das fotos...). Estava há dois dias sem comer e uma semana sem tomar banho. Eu olhava pro teto e queria que ele caísse em cima da minha cabeça. Não lembro quando comecei a chorar ou quanto tempo fiquei assim, mas entre um instante de lucidez e outro, lembro de ter pensado "Chega. Eu tenho que lutar contra essa vontade de querer morrer. Eu tenho que aprender a única coisa que me vai fazer querer viver: a me amar". E a partir desse dia, eu iniciei essa longa jornada que é a busca pelo amor-próprio.
    Isso foi há pouco mais de um ano. E Jesus amado, como é difícil. Como é difícil tentar tirar da cabeça que eu sou errada - porque desde sempre me ensinaram isso: que tudo na minha aparência era errado. Eu não me sentia menina. Eu ainda tenho problemas pra me sentir mulher. Eu nunca fui desejada. E eu sempre quis. Ainda quero. É tão difícil mudar a cabeça, é tão difícil... Eu me esforço tanto pra mudar e me esforço até pra me encaixar no padrão. Tem dias que acho que nunca vou conseguir. E hoje é um dia desses, um dia em que acho que nunca vou...

Um comentário:

Mauany disse...

Eu também chorei depois de ver o vídeo (mesmo depois pensando que poderia ter sido um pouco forçado...). Mas eu chorei porque existia uma verdade naquilo ali, principalmente pra mim. E eu falei sozinha com o espelho sobre tudo que me incomodou a vida inteira. Eu lembro das meninas sendo "mean" do jardim da infância, rindo da minha fantasia e do meu cabelo; a vida inteira foi assim. Mas eu resolvi não ligar muito, achar justificativas, que o meu tempo ia chegar, embora as vezes doesse muito. E então esse ano eu fiz uma cirurgia que mudou a minha aparência, e eu achava que quando eu a fizesse eu iria acordar e tudo seria diferente. E não está sendo. É uma nova luta pra aprender a me amar nessa nova versão, que eu não tenho certeza que é melhor que a antiga.
Eu sempre tive medo de tentar e fracassar, e parecer ridícula como se aquilo não me pertencesse.
Eu conto nos dedos as vezes que me disseram que eu era/estava bonita e eu acreditei.

E acho que por isso que eu tenho tanta vontade de ir embora, como se longe tudo se tornasse magicamente melhor. Mas agora que eu estou quase indo, eu estou com mais medo ainda de não chegar aos pés das outras meninas e sucumbir a um medo de colocar a cara pra fora.