Na primeira vez que eu amei, imaginei nós dois numa casa com cerquinhas brancas e noite do pôquer. Eu tinha 14 anos e bem... Tinha começado a ler romances de banca de jornal e estava determinada a assisti a maior quantidade de comédias românticas adolescentes que eu pudesse. Então digamos que o meu primeiro amor foi meio baseado no “Sonho americano” (mas não, eu não tive sonhos envolvendo pétalas de rosas caindo do céu, isso seria loucura demais até pra mim).
No ano seguinte, eu comecei a ler Jane Austen. Primeiro Orgulho e Preconceito, depois Razão e Sensibilidade. Assisti todas as versões possíveis de cada filme baseado nas obras da Jane. Li Emma, Mansfield Park, Persuasão e por último A Abadia de Northanger. O amor passou, mas a Jane ficou. Com 17, num dos melhores momentos da minha vida, conheci a casa onde ela terminou os maiores romances. Lembro até hoje do cheiro da casa, da sensação de tocar na escrivaninha dela e pensar “O Sr. Darcy nasceu aqui”. E desde então, Jane Austen é minha escritora do coração. E agora eu sinto que a entendo perfeitamente – porque me apaixonei de novo, no melhor estilo Austen.
Eu o conheço há menos de um ano. Nós nos vimos duas vezes. Mas eu sinto que poderia passar o resto da vida com ele. “Como?” eu me perguntei várias vezes. Como é possível se apaixonar por alguém que você mal conhece? Foi aí que me lembrei dos livros da Jane Austen. Elizabeth e Darcy mal se tocavam durante o livro e quando se falavam, trocavam farpas. Elinor e Edward conversaram poucas vezes. Bastava um olhar. Uma palavra. Um gesto. E bum! Ali estava o amor. Por que isso não seria possível hoje?
Nós temos o mesmo gosto literário e cinematográfico. Ele gosta de Sex Pistols e Miles Davis (achei que isso fosse impossível, que eu fosse a única!). Ele gosta de Harry Potter, ficção científica e Van Gogh. Deus! Nós dois amamos Van Gogh. Ele vai ao cinema sozinho – nós somos do mesmo clubinho da solidão. E eu juro que nunca conheci alguém tão jovem e tão cavalheiro. Quando ele fala comigo na internet, meu coração bate tão forte quanto quando eu o vi do outro lado na rua (nas vezes que nós nos vimos). Eu nem consigo pensar direito agora, com tantos clichês pulando dentro da minha cabeça. É maravilhoso e doloroso ao mesmo tempo. Porque eu tenho quase certeza é unilateral.
Eu sei que poderia fazê-lo feliz. Eu sinto. Mesmo me sentindo tremendamente inadequada pra ele, porque ele é lindo e eu sou esse projeto que ser humano que ainda está tentando se descobrir, que não se encaixa em nenhum padrão de beleza (e que nem ao menos se ama), eu sinto que poderia fazê-lo feliz. Talvez ele nunca descubra. Talvez ele nunca perceba. Mas eu acredito naquilo de “se você ama, deixe ir”. Basta que ele seja feliz.
Eu tenho muito amor dentro de mim. Amor que eu neguei por bastante tempo por achar não sei por qual motivo que amar era demonstrar fraqueza. E agora ele está explodindo e eu não consigo controlar.
(Ou talvez eu tenha te inventado na minha cabeça, como diria Sylvia Plath).
Um comentário:
"O Sr Darcy nasceu aqui" *arrepios*
O texto ficou lindo, Umáyra.
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