quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Sobre garotos, amigas e justificativas.

Então, eu dei uma olhada nas minhas postagens dos últimos meses e olha, como as pessoas me aguentam? Eu estou completamente em depressão. É engraçado dizer isso em voz alta. Eu lembro de mim mesma em 2008, quando tinha uma amiga que se cortava, tinha anorexia e me ligava pra avisar que ia se matar. Eu dizia pra os meus outros amigos "Deus! Eu nunca quero ser assim. Nunca. Nunca quero ter essa tristeza que ela tem, passar por isso que ela passa e parece não aguentar". Foi sutil, mas 3 anos depois aqui estou eu.

Enfim, não foi por isso que eu comecei a escrever isso. Foi pra contar duas coisas na verdade.

Primeiro a minha risada do dia (não foi exatamente hoje que eu ri - foi ontem a noite, mas ligar o computador a noite é dizer adeus a uma boa noite de sono e olá a uma madrugada inteira no tumblr e no twitter). Agora nas férias, uma amiga minha disse que acha que eu sou gay. Eu só olhei bem pra ela, mortificada e mudei de assunto, porque por mais amiga que seja de uma pessoa, eu nunca diria uma coisa dessas face to face. Aí eu comentei com outra amiga minha e ela mandou algo do tipo "Não importa de quem você goste, eu sempre vou ser sua amiga". Eu fiquei, what? Então quer dizer que todas as minhas amigas acham que eu sou gay? Aí eu voltei na primeira amiga e perguntei porque ela achava isso. E a resposta foi: "Ah, você nunca ficou com ninguém e sempre tá falando sobre gays no twitter". Então eu ri. Eu tenho 18 e nunca beijei/fiquei/namorei com ninguém, então todas as minha amigas acham que eu sou lésbica. 
Será que eu devo trocar de amigas? 
Quer dizer, elas nunca me fizeram perguntas profundas sobre o motivo de eu nunca ter me relacionado com ninguém. Sempre algo do tipo "Mas você não sente vontade?" e eu respondia "As vezes, mas não tô afim de procurar ninguém". Eu nunca me interessei. Com 13 anos, quando todo o meu círculo de amizades pensava nesse tipo de coisa (~~garotos~~) eu tive minha primeira crise existencial (pode rir, eu tô rindo também) por motivos religiosos. Eu risquei o símbolo da anarquia na parede do meu quarto. Daí pra frente, eu só conseguia pensar em vegetarianismo, trabalho voluntário, África, arte, literatura e cinema. Quando eu comecei a pensar em ~~garotos~~, eu já não tinha auto estima suficiente pra me relacionar com alguém (aquele lance de amor próprio e tal: acredito. Pena que não tenho) e estava (estou) tão louca com isso de escolha de profissão que nem liguei mais. Talvez seja "culpa" da criação que os meus pais me deram, mas eu dou muito mais importância ao meu futuro profissional que ao amoroso. 
Se pequei, foi por fazer as coisas no meu tempo e, é claro, não me justificar pra ninguém. "Nunca beijou?" Prefiro responder um "Aham" a um "Tenho outras prioridades (disserte sobre elas aqui)".
Isso de saber o que as minhas amigas realmente achavam de mim me incomodou por algumas semanas. Até ontem. Ontem eu estava passando roupa e assistindo jornal (tenho prioridades, haha) e vi uma reportagem sobre a África. Chorei vendo uma reportagem sobre a África, pra ser mais exata. Não que eu já não esteja acostumada a chorar vendo qualquer coisa na televisão sobre alguém passando frio/fome/sede/etc - eu faço isso desde sempre (ainda tem o plus de me sentir culpada por ter tudo e reclamar). Comecei a arquitetar todo um plano de largar a faculdade e ir fazer trabalho voluntário (faço sempre, desisto sempre), quando uma das minhas amigas me manda uma mensagem. Então eu ri. Gargalhei como se não houvesse amanhã. Porque enquanto geral acha que eu sou lésbica, a única coisa com que eu consigo me preocupar é um africano. Me senti dando um tapa na cara da sociedade - e das minha amigas. Nunca dormi tão bem.

A segunda coisa que eu tenho pra falar é algo que merece um texto só pra ela, mas eu tenho que digitar 3 trabalhos, então fica pra outro dia. Isso de Londres  e agora do David Cameron querer CENSURAR as mídias sociais. Nunca estive tão revoltada. Reino Unido, cadê liberdade?


ps. 716 palavras, meu bloqueio para escrita está oficialmente ACABADO.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Throbbing pain.

Aqui nesse mundo, nós só fazemos o que nos desagrada.
Não nos interessamos por sonhos ou ideologias. Os consideramos infantis. Crianças, crianças, seu mundo é cheio de crianças. Crianças que ganham dinheiro, que reproduzem, que fazem sexo por prazer, que se sentem no direito de dizer pra outras crianças que estas são infantis e inocentes e incoerentes e sonhadoras... Mas todos não passam de crianças. Vivem 40 anos de vaidade, sem parar um segundo sequer pra refletir sobre a existência. Aos 18 vendar. Aos 30 se vender. "Você já não é tão jovem rapaz, passou da hora de saber o que quer pro seu futuro." "Mas como senhor, se fui vendado aos 18?"


(Comam
sua pilha 
de dinheiro.)


É por isso que no nosso mundo só fazemos o que nos desagrada. Quando fazemos isso conscientemente, a dor é amenizada ao final dos 50 - quando a máquina vai contra a nossa vontade, começa a mostrar os sinais da morte de todos os dias e nos força a pensar. "Sempre fui um vendido. Mas nunca deixei de ser uma criança." Pobre criança.


(Você não pode viver de sonhos.)