quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Aiefah

Acho que isso de entrar madrugada sem sono e com nó na garganta não acontecia há alguns meses.
É muito fácil se perder nas horas de Facebook, Twitter, Tinder ou qualquer outra merda assim, e nunca parar. Eu não paro faz tempo, porque sei que quando paro nunca acontece coisa boa (oficina do diabo é pouco)... Mas preciso.
Voltei a estar muito confusa.
Eu sempre fiz questão de compartimentar tudo na minha cabeça - primeiro porque sempre foi uma bagunça, segundo porque até nisso eu sou metódica - pra conseguir lidar. As coisas da vida acadêmica ficavam de um lado, as pessoais de outro (autoestima e outras bostas) e nunca dei espaço pra assuntos amorosos. Eu sempre soube que era intensa demais, que me entregava demais e que no final as coisas não dariam muito certo. Dito e feito.
Ando com muito medo da minha futura profissão. Essa semana finalmente consegui falar com um professor pra começar a iniciação científica, mas ele ainda não me respondeu e só de pensar nisso me dá taquicardia.
Eu também ando sendo uma amiga mais merda que o normal - sim, isso foi possível. E pra completar, acho que estou me apaixonando e tá sendo mais doloroso do que bom.
Enfim, é isso. Ainda é madrugada, mas eu tenho muito o que fazer amanhã e no resto do final de semana, então choro, desespero, o que seja, vai ter que ficar pra madrugada de terça-feira que vem (no intervalo entre uma prova e outra). 

Starve

Eu voltei a me sentir completa e bonita quando estou com fome, e a pior parte é que voltei a fazer isso por querer.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Baby, I'm a fool

Foi sempre difícil estar em um beijo.
Os primeiros foram uma confusão etílica, permeados por elogios que soavam falsos - e eu ali, um amontoado de inseguranças que só tinha certeza que questão de pele não se racionaliza (por mais viciada em racionalizar que eu seja). Talvez eu não estivesse de corpo e alma nesses beijos bêbados e roubados justamente por isso: pela necessidade de pensar em algo que não deve ser pensado. Eu me via de fora, como alguém distante. Era quase como uma experiência extracorpórea - o meu eu que se sentia muito infantil e despreparado via do alto alguém crescido, uma mulher. 
Os primeiros beijos conscientes já eram beijos apaixonados, e pouco importa quando se está apaixonado. Não importa que a adrenalina de antes não exista por já existir a certeza da aceitação; se é amor, há aceitação. São beijos confortáveis, como almoço de mãe depois de muito tempo longe.
Mesmo quando eu me lancei de novo no mundo depois dos beijos confortáveis terem virado mágoa, os beijos continuavam estranhos. Faltava algo. Apesar da construção de tensão até o clímax, a troca não parecia justa. Eu me sentia sempre entregando muito e recebendo pouco; não que isso seja a pior coisa do mundo, e eu até acho que minha função aqui é me doar, mas de vez em quando quem se entrega gosta de reciprocidade. 
Eu nunca tinha provado um beijo com gosto de casa.
Nunca tinha ficado nervosa de perder as palavras (eu nunca perco!), nem sentido a antecipação que li sobre por tantos anos em tantos livros. É uma regra minha nunca comparar o real com a ficção quando há duas pessoas envolvidas, mas até para isso eu abri uma exceção e deixei de pensar. 
Eu gosto me proteger, mas também gosto muito dessas horas em que me abro por alguns segundos, alguns minutos, algumas horas e percebo que viver é muito bom e sentir tudo é muito bom. É só assim que eu encontro beijos assim recíprocos, com gosto de excitação, cheiro de acolhimento e abraço de olho fechado.

terça-feira, 30 de maio de 2017

Mas sofrem sozinhos

Que as divindades protejam aqueles que se entregam, porque eles são a força motora da arte.


ps. meu semestre acabando e meu emocional já foi pras cucuias. Só quero comer e assistir vídeos no youtube chorando.

terça-feira, 16 de maio de 2017

Eu gosto dos seus livros

Quando você me chamou pra tomar um café e eu fiquei impressionada por não ter me chamado pra tomar uma cerveja, eu já devia ter percebido que haveria algum tipo de conexão entre nós dois. 
É estranho porque eu nem gosto de café; você é literal e pragmático, então toma café mesmo e sem açúcar. Eu tomo chá e sempre coloco açúcar quando estou em casa, só me faço de durona na rua. Mas eu devia mesmo ter percebido que gostava de homem adulto, que não precisa de coragem líquida pra conversar com alguém... Só não me culpo mais por não saber disso, porque entrei nessa pra descobrir os meus gostos.
A melhor coisa de gostar de ler é poder passar horas na frente de uma estante de livraria ou de biblioteca - cada livro lido ou não tem uma história, um causo. Eu tenho muitos e pouca vergonha de falar quando o assunto é livro. E eu nem odeio os russos tanto assim, assim como não odeio quem paga de culto; eu quis ser culta um dia, mas eu descobri que era do popular e hoje sou esse híbrido. Só não peço desculpa por fingir odiar quem ama os russos porque depois de muitos anos me desculpando, eu não faço mais isso (a não ser que eu esteja errada de verdade ou que tenha magoado alguém). Eu pego no seu pé porque acho engraçada a sua cara quando eu digo que só gosto de Tchekhov.
Gosto do fato de você ter me desafiado a ler coisas que me dão medo e me fazem chorar, e de ter se proposto a ler comigo. Eu gosto disso de você alimentar minha alma sem nem saber, e sem nenhuma amarra, nenhuma cobrança. Eu gosto dessa nova parte minha que eu descubro todas as vezes que nós conversamos olhando um pro outro. Gosto quando você não desgosta dos meus silêncios, nem me pressiona. Eu acho que nós dois nos encontramos no momento da certo da vida, mesmo querendo coisas completamente diferentes. Acho que nós somos exatamente o que precisávamos nessa hora.