Oi Marte,
Esse último ano foi uma doideira. Tanto que nos últimos meses, a única maneira que eu consigo te descrever meu estado mental, é assim: doida. Sem açucarar mesmo.
Eu entrei no doutorado, e hoje não tenho certeza se é isso que quero. Eu também mudei de país sem saber muito bem o que ia acontecer - aqui no leste europeu (que os locais chamam de centro-europa e ficam bem bravos se alguém diz que é leste) eu não sei a língua, o racismo clássico e o racismo cultural imperam, não faz sol direito e as pessoas são tão frias quanto o inverno que faz aqui... Mas é aqui que meu amor mora. Eu encontrei um amor tranquilo nesse último ano. É coisa mais fácil de todas, mesmo quando nós discutimos política até eu ficar fula da vida (e ele não perceber), ou ele acha semi-engraçado todos os meus rituais do TOC (e respeita). Talvez nosso futuro não esteja nesse país, mas eu sei que meu futuro é com esse amor. Eu ainda não comecei as aulas de tcheco, mas eu sei falar miluji tě - e por enquanto é isso que importa.
(É mentira. Eu preciso aprender tcheco urgentemente. Mas eu também preciso aprender hebraico urgentemente, pro doutorado. Tudo é urgente na minha vida agora, e meu grande problema é que quero andar cada vez mais devagar)
Esses dias eu falei que meu relacionamento mais duradouro era com o Duolingo; eu estou fazendo lições todos os dias há 1197 dias. Mas acho que meu relacionamento mais antigo é com você, Marte - essa pessoa que não sei quem é, mas que todos os anos vem aqui me desejar coisas boas. Eu espero que sua vida esteja tranquila. Obrigada por todos esses anos.