Faltam sete dias pra eu completar um quarto de século.
Esse drama todo de "um quarto de século" é justamente porque faltam sete dias pra eu completar um quarto de século.
E eu estou... cansada.
Vim mais cedo pra São Paulo na esperança de estudar (três livros pra ler! Dois do TGI) e não adiantou muita coisa. O mês que eu tinha simplesmente voou; agora eu tenho cinco dias pra ler pelo menos dois desses três livros, mas eu não consigo fazer nada além de sentir falta de ar, dor de cabeça e chorar.
Aliás chorar é algo que eu venho fazendo com maestria por 25 anos, mas preciso me dar os parabéns pelos últimos dois meses. Acho que eu vim pra São Paulo mais cedo pra ficar sozinha, em silêncio e chorar sem medo de ser pega de surpresa por alguém me perguntando porque eu estava chorando. Funcionou bem até meu irmão voltar e eu voltar a entrar em parafuso; eu gosto de dizer pra mim mesma que as duas últimas semanas foram piores porque eu estou em inferno astral - mesmo não tendo certeza se isso existe mesmo, mas sentindo muitas coisas. Fevereiro é o mês em que eu me sinto mais pisciana e gosto de falar que sou pisciana (além dos momentos sentimentais do dia-a-dia, que são muitos no meu).
Eu voltei a fazer dieta, a tomar os sucos dietéticos pelos quais minha mãe pagou caro (e eu coloquei fé, vou ser sincera). Até consegui diminuir consideravelmente os doces, quase zerar. Hoje eu acordei mais taciturna que o normal e não consegui segurar a tremedeira pela falta de açúcar, então fui na padaria da Augusta e comprei um trocinho de maracujá ("é bom pros nervos, né moça?"), cheguei em casa e fui food-shamed pelo meu irmão - o que resultou numa torrente de mensagens furiosas pra minha mãe, algumas lágrimas, mais dor de cabeça (todos os dias no mesmo horário, uma semana e contando) e eu chorando rios vendo Queer Eye na Netflix. Eu estou engordando, mesmo de dieta. Deve ser a tireóide. Também perdi o ânimo de ir pra academia, e todos os dias uso a desculpa de que tenho esses três livros pra ler, mas a verdade é que eu ando sem ânimo pra absolutamente tudo. Também deve ser a tireóide. A falta de ar e o peso no peito me incomodam, e os telefones de terapeutas que só chamam e não atendem também. Mas eu vou sobreviver, até ficar tranquila alguma hora. Essas coisas sempre foram e voltaram, e eu estou aqui até hoje.
Hoje é o dia em o Kurt Cobain nasceu, e eu me impressiono como uma dia achei que fosse me desconectar dessa ligação estranha que eu sinto com um homem que morreu quando eu tinha 1 ano e sentia coisas demais. Eu ainda me sinto tão adolescente. A diferença é que hoje eu consigo ver muita beleza em tudo, e até tenho muitos momentos felizes, mas continuo me achando essencialmente triste; é como se um buraquinho negro ainda estivesse aqui dentro.
Eu espero que um dia ele fique mais escondido que aparente.