"Não sei cozinhar.
Estou tomando calmantes e anti-depressivos, vou largar Direito e voltar a estudar matemática pra cursar Letras/inglês.
E ah, vou voltar pra casa.
gosto de pensar que não fui vencida, mas que fiz uma escolha errada. escolhi o caminho errado. todo mundo faz isso um dia.
(eu só quero voltar a sorrir)"
No outro ano eu larguei os calmantes e antidepressivos porque não aguentava mais ficar estuporada. Também larguei a terapia, porque não conseguia mais falar com a terapeuta. Hoje sinto que fiz a coisa errada, mas na hora pareceu bem certo pra mim.
Ainda fiquei mais quase dois anos no limbo do Direito. Só larguei tudo em agosto de 2013, depois de ter várias crises de enxaqueca, não assistir nenhuma aula e mentir pros meus pais até conseguir dar um ponto final nessa parte "perda de tempo" da minha vida. Hoje tento pensar que nada na vida é perda de tempo e que tudo é aprendizado (ou eu penso assim ou enlouqueço). Estudei quase nada de matemática e passei no vestibular com as humanas mesmo.
Voltei pra casa só pra melhorar minha relação com meus pais - até hoje não é perfeita, mas hoje eu sei que eles são seres humanos. E eu também sou. Tentamos, acertamos, conversamos. E assim seguimos.
Letras/inglês ficou pra trás em algum ponto de 2014, quando eu decidi fazer Letras/hebraico. Não é nem um pouco fácil, mas é apaixonante. E é escolha minha, só minha. Assusta e fascina ao mesmo tempo.
Eu me faço sorrir. Com coisas pequenas, tolas. Choro mais de felicidade e emoção que de tristeza. Mas às vezes eu choro de tristeza também. Às vezes eu ainda quero que o teto caia em cima da minha cabeça. Às vezes eu me esforço e esse sentimento ruim passa, às vezes não. Mas alguma coisa não me faz desistir - mesmo com as incontáveis crises de autoestima, ansiedade e cia (i)limitada. Acho que isso é crescer e ficar mais forte, e pelo menos disso eu nunca tive dúvidas: eu sou forte pra caralho.